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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A MISSÃO DE TIÃO VIANA

Em suas reflexões José Saramago nos trás a seguinte formulação:

"O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas. O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas."

Penso que esta reflexão se encaixa perfeitamente na conjuntura do Acre pós-eleição, para, se bem ouvirmos, ou como diz Toinho Alves, se auscultarmos, a termos como guia para o ambiente que interessa a sociedade acreana com o governo eleito.

Talvez fosse a boa hora de fazermos uma profunda avaliação. Assim mesmo, com opiniões recortadas ou com algumas mais formuladas resgatando a história dos 12 anos de governo da Frente Popular.

Mas, avaliação não tem sido recorrente em nosso meio. É comum ouvir "dos que se dizem experientes e hábeis na política", a observação de que uma avaliação eleitoral deve ser feita longe do calor das urnas, depois que a poeira baixa e os ânimos acirrados se acalmam. Este caminho é percorrido para que de um lado se possa ter mais tolerância com as visões críticas, apressadas e mais "ácidas". E, por outro, lado para que as leituras possam ser melhor medidas na hora de serem externadas.

É bom o exercício da sensatez, mas seria ótimo ele ser realizado na poeira alta, no calor das urnas, pois seria possível colher frutos que só florescem nesse momento.

Sem me preocupar com o calor e a poeira vou me apegando à outra reflexão de Saramago que diz "Sempre chega a hora em que descobrimos que sabíamos muito mais do que antes julgávamos.", para tentar uma reflexão e por boa coerência e por benevolência do blogueiro, me dispor a conversar sobre o tema.

O debate então aqui, em minha opinião, deve se estabelecer à partir do que efetivamente determinou o povo acreano, deixando claro certas questões:

A primeira a ser afirmada é que a Frente Popular com Tião Viana, ganhou a eleição. Com diferença grande ou pequena?! podemos mesmo relativizar esta questão. Alguns, a exemplo da última eleição municipal em Rio Branco, partirão do princípio de que a expectativa dessa diferença era gigantesca e o resultado demonstrou o inverso. Outros, poderão afirmar com o mesmo grau de certeza, de que a eleição foi ganha com a diferença precisa para não ir a segundo turno, portanto, a margem necessária. Onde ganhou, onde não ganhou? O fato aqui é: a oposição foi derrotada nas urnas, quem ganhou eleição e vai governar o Acre pelos próximos quatro anos é a Frente Popular com Tião Viana.

A segunda questão que liga-se ao resultado das eleições presidenciais e governamentais é a característica mais marcante em nossa sociedade revelada a cada eleição, o conservadorismo político.
Este é o maior paradoxo político-ideológico do governo da Frente Popular.

Mesmo com intensas e magníficas realizações, diga-se de passagem, infinitamente maior do que as dos governos desastrados que antecederam o de Jorge Viana em 1999, o movimento progressista prometido nos últimos 12 anos de governo do estado e em diversas eleições municipais, não foi realizado, na prática, na consciência social do nosso povo. O governador Binho Marques foi ousado na busca de políticas priorizando questões sociais, além de realizar investimentos em infra-estrutura num patamar maior do que o governo anterior e mesmo assim, não conseguiu fragilizar a onda conservadora que cresce aceleradamente em nossa população.

O histórico de Governo da FPA, consolida uma vertentente conservadora mesmo após 12 anos à frente da administração do Estado, o que não é bom para nenhuma sociedade. Claro que uma oposição sem qualidade vai adorar e trabalhar para que este contexto seja eternizado. Mas a Frente Popular já deveria ter vencido esta barreira e não deve desconsiderá-la.

Neste sentido, o Presidente Lula acerta ao falar de humildade e em erro político no Acre. Mas sofre de incoerência ao omitir que Jorge Viana deixou o governo estadual em 2005 com um destaque nacional pelo elevado índice de popularidade, expressando contradição com o resultado atual. Lula também é deselegante ao falar de Marina Silva.

Poderia reconhecer que ela fez bem a disputa no primeiro turno e foi bem votada no Brasil e no Acre, visto que aqui não estabeleceu palanque auxiliando a FPA e mesmo assim obteve 81.102 votos (23,45%) em pé de igualdade com Dilma que obteve 82.733 (23,92%). Marina foi grande na política e nas urnas. Certamente se reelegeria para o Senado no Acre.

Em São Paulo, Marina obteve 20,77% dos votos e Dilma 37,31%. Em São Bernardo do Campo Marina obteve 19.91%. Santo André 22,28%. E Porto Alegre 18,02%. Mas há dados curiosos que o Nobre presidente omite no apressado comentário: há um empate entre Marina e Dilma em Curitiba - Paraná, na casa dos 26%; vitória em Florianópolis -Santa Catarina, Marina 28,67% do eleitoado contra 27,43% de Dilma e; em Belo Horizinte, capital de Minas Gerais, Marina venceu eleição com 39,88% contra 30,92% de Dilma. A fonte é http://placar.eleicoes.uol.com.br/2010/1turno/ e sugere um olhar mais adequado para o processo específico das últimas eleições no Acre.

Bem! como dizia, o resultado das eleições presidenciais e governamental aqui expressa o pensamento conservador em nosso eleitorado. Então um fato concreto é que, Tião Viana, governador pelos próximos quatro anos, enfrenta o paradoxo do conservadorismo consolidado na sociedade acreana. Quem quiser fazer o debate responsável pelo avanço da nossa sociedade, deve partir desses pressupostos, reconhecendo o progresso estabelecido pela FPA, nas mais diversas instituições do Estado.

Quem não lembra dos salários usurpados por 06 meses se somados os dois governantes anteriores a 99? Quem não lembra dos pedágios em sinais e rotatórias, além dos sopões na haal da Aleac feitos por trabalhadores com meses de atrasos em seus salários, nos anos de 96 a 98? Quem não lembra das Instituições degradadas físicamente e administrativamente? quem não lembra dos escândalos e falências em empresas consistentes como a Sanacre, o Banacre, a Cohab e até mesmo a Eletroacre? Quem não lembra do desrespeito dos três poderes do Estado, aos movimentos civis organizados? Quem não lembra da dificuldade de transporte intermunicipal e do esforço empreendido nos últimos 12 anos pela integração da malha rodoviária? estes entre outros tantos fatos horríveis...

Vários líderes da oposição de agora participaram ativamente do período de desmandos e depredações da administração, do serviço público e por consequência, do desmantelamento do incipiente comércio local no período anterior a governo da FPA iniciado em 1999. Alguns assistiram no poder, sem tomar as devidas providências: crimes, assassinatos de lideranças populares dos trabalhadores e outros hediondos que ainda hoje nos assustam quando são lembrados. Estes líderes oposicionistas, não são os mais indicados para comandarem uma mudança que traga o avanço da consciência progressista em nosso povo. Isto também foi dito nas últimas eleições, pois, concretamente foram derrotados.

É claro que se há a cristalização do pensamento conservador em nossa sociedade, uma parte da responsabilidade está nos líderes dessa oposição, que estabelecem debates sem qualidades, olhando interesses miúdos ou ressentidos por estarem fora das possiblidades de direção do orçamento público e assim, não viabilizando seus interesses. Não contribuem para o fortalecimento da organização social ou de setores populares, pois nem é isso que lhes interessam, nem tão pouco o assunto lhes correpondem à história de vida, mas apenas os negócios ou interesses pessoais.

Contudo, grande parte da responsabilidade está na condução política da FPA. Ora não conseguindo imprimir barreiras para que o próprio governo não se tornasse conservador e ora como governo, influenciando com o conservadorismo a própria sociedade. No governo da FPA as configurações nos parlamentos seja estadual ou municipais, trás como ampla maioria dos parlamentares a vertente conservadora. A representação política de militantes é cada vez mais diminuta. Este fato influencia as alianças eleitorais e mesmo as composições de governo.

É preciso ter clareza que o povo em movimento social cria suas próprias saídas, suas próprias respostas com os elementos que estão a seu dispor e de acordo com sua compreensão da realidade. Nossa sociedade não vota ainda baseada nas idéias dos partidos políticos, seus programas e seus representantes. Vota em personalidades, mesmo que estas não apresentem nenhuma idéia consistente, ou programa partidário ou mesmo quando está claro que não conhecem nem o que é o partido ao qual estão filiados. É comum a votação expressiva em determinada liderança, ainda que expressivamente também se tenha aversão ao partido ao qual tal liderança é filiada. Este fato vem ferindo de morte a esquerda acreana.

Agir em torno desta fragilidade faz parte da Missão de Tião Viana. É necessário fortalecer os partidos. Isto significa ampliar o grau de interlocução. Ser sábio ao ouvir e ponderar as divergências. Ter cuidado para não enfraquecer um segmento dissonante ao ponto de também ser atingido por tal enfraquecimento. Retomar a reorganização de bases militantes especialmente nos casos das siglas de esquerda.

Um partido político não é um homem apenas, um parlamentar apenas ou uma expressão política. Um partido constitui-se de muitas personalidades, muitas lideranças e pessoas. A relação com um único interlocutor fragiliza e renova o caciquismo político. Os partidos por sua vez devem aprimorar o debate de idéias, centralizando a razão de sua existência e atuação não em cargos ou em demandas do parlamentar A ou B, que agirá no parlamento conforme for mais ou menos contemplado, mas no efetivo exercício da defesa das idéias justas e avançadas para o nosso desenvolvimento econômico e político.

A economia deve ser tratada para além da acumulação de riquezas ou concentração de renda como é grosseiramente vista por muitos. O foco mais adequado é de olhá-la como meio do nosso povo garantir a sua vivência a cada manhã, a cada dia, a cada ano, de maneira que a acumulação de uns não asfixie o conjunto da população. Os homens da iniciativa privada devem também perceber que a boa vivência em sociedade não depende ou corresponda a uma atribuição exclusiva do Estado.

A política deve ser tratada para além dos interesses eleitorais. É preciso que se organize a sociedade, dando aos mais variados setores ambientes para conversações, para esclarecimentos das limitações governamentais, das responsabilidades públicas e administrativas, mas também instrumentalizar a socieade civil organizada sobre os direitos, sobre as formas legais de acesso ao orçamento e recursos públicos, sobre encaminhamentos adequados dos problemas cotidianos que cada um vivi no árduo e diário trabalho de garantia da sobrevivência.

Em minha opnião estes aspéctos parecem ser complexos, mas o Estado já possui mecanismos de atuação que podem convergir para este rumo, dando resposta à mensagem das urnas que foi um "não" a atitudes descoladas da representação efetivada pelos eleitores como auto-suficiência em escolhas eleitorais contrariando expectativas populares; um "não" à tomadas de decisões influentes sem ouvir ou consultar a população; um "não" à realização de obras importantes sem diálogo esclarecedor sobre a necessidade, os transtornos e o resultado; um "não" à negociação pouco flexível quando da necessidade de agir utilizando o princípio da supremacia do interesse coletivo (público) sobre o particular; um "não" à falta de ambiente para debate, conversações e diálogos sobre idéias ou opiniões divergentes, entre outros.

Daí que é também missão do governador eleito a correção dos rumos. Isto indica que Tião Viana em sua frente, sob sua responsabilidade político-administrativa, um grande desafio. Governar o Acre nesta conjuntura será um desafio gigantesco. Sabemos, ainda que possamos identificar ou reconhecer erros de caminhada da FPA, que o governador eleito é ainda quem detêm o compromisso no bom enfrentamento a esse desafio. E o sucesso do governo eleito no enfrentamento e ajuste de rumos é o sucesso do nosso povo.

Os partidos da Frente Popular, devem ser meios importantes para a vitória nesta caminhada. Importa, por isso, estabelecer canais de conversação, não devendo ser um governar distante, sem ouvir a população, sobretudo a maioria que são os trabalhadores e os pobres em suas comunidades. É também necessário articular os militantes, dar-lhes tarefas organizativas e políticas. Nossa sociedade, aparentemente pequena em termos numéricos já possui dimensões gigantes em complexidade social.

Neste sentido, vale a pena relembrar novamente de Toinho Alves que sempre navega pelo Blog do Altino fazendo seus alertas à Frente Popular do Acre, desde longas datas na sua tentativa de reafirmação e de retomada de bandeiras históricas de lutas do movimento originário da FPA, dizendo que é preciso recuperar a idéia da palavra florestania.

Também ponderando sobre o descolamento do Estado, ao ponto de estar quase apartando-se do movimento social que originou a FPA; ou ainda, citando que as idéias, as concepções, os rumos já não são consensos e as visões discordantes daqueles que, efetivamente são companheiros de jornadas, passam a lhes dar a errada conotação de opositores, de adversários políticos, de que não devam mais ser ouvidos, estas entre outras tantas ponderações...

Tais ponderações e tamanho desafio nos remete (a FPA) a perguntas importantes, do tipo: - Com quem vamos fazer política? Com quem dicidiremos? E por fim, como decidiremos? Devemos dar mais ênfase ao mundo dos negócios? Às questões de mercado? Ou à organização e diálogo com as comunidades e trabalhadores? Qual o ponto de equilíbrio entre os pólos? O Estado com seus dirigentes pode colocar-se acima destas questões?

Assim, penso ser por tais reflexões que devemos abrir o verdadeiro debate sobre o futuro progressita do governo do Acre. Ir aos pressupostos é fundamental para então dialogarmos sobre legalidade e moralidade, sobre legalidade e ética, sobre conceitos como por exemplo o de cultura e sobre prioridades com os gastos públicos, como por exemplo, um show ou um programa de renda mínima.

Estas, a meu ver, são as questões centrais para quem atua pelo avanço da nossa consciência social e, portanto, da quebra do conservadorismo no Acre. E este texto é para abrir uma conversa franca sobre o assunto.


Frank Batista, é licenciado em História pela UFAC

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

JUSTIÇA

JUSTIÇA

José Saramago

"... a Justiça continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste instante em que vos falo, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está matando.

De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar: justiça, simplesmente justiça.

Não a que se envolve em túnicas de teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não a que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira quotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais exacto e rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão indispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o alimento do corpo.

Uma justiça exercida pelos tribunais, sem dúvida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e sobretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria sociedade em ação, uma justiça em que se manifestasse, como um iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada ser humano assiste."

terça-feira, 9 de novembro de 2010

40º ANIVERSÁRIO DE APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA




Hoje recebi uma mensagem lembrando do aniversário de aparição de Nossa Senhora de Fátima. Devotos comemoram esta discreta e singela passagem que trouxe para a humanidade mais uma reafirmação cristã da mensagem de paz para a terra. Curiosamente a aparição é dirigida à três crianças num tempo de guerra mundial. Vamos aproveitar e meditar sobre os caminhos dos homens neste plano.




quinta-feira, 28 de outubro de 2010

MEU BOM RETORNO

Estou de volta. A vida exigiu muito e comandou um apagão aqui na escrita. Agora, o sol volta a energizar a terra com maior veemência, as águas formulam convites e nós vamos seguindo neste mesmo giro. Precisamos estar acordados para não errar no próximo domingo. É preciso seguir mudando e se queremos mudar é para melhor. Nada de retrocessos, nada de retomar experimentos errados. Vou daqui para a frente.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O ADEUS A UM GRANDE MESTRE

Ser-se homem não deveria significar nunca impedimento a proceder como cavalheiro
josé saramago




QUANDO tive a notícia de sua partida estava muito atarefado e não pude descrever a tristeza que senti. falo de um Grande Mestre, este que teve Uma vida dedicada às grades reflexões e às intensas atuações no cotidiano da humanidade. Assim foi a atuação do grande Mestre José Saramago. Um homem sábio, mas simples, um filósofo de seu tempo, um bom e belo comunista na mais rica essência desta palavra. Um humanista cujo farol faz chamar a atenção para andarmos no rumo certo, sem nos perdermos nas sombras de nossas emoções, interesses, razões, atitudes e práticas cotidianas. Perdemos com sua partida, mas podemos ganhar se soubermos explorar o imenso tesouro deixado como herança para toda a humanidade.
Hoje nos cabe uma de suas belas e reflexivas frases:
"O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas. O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas." José Saramago

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A CORRUPÇÃO DOS GOVERNANTES CAUSA DESGRAÇA AOS INOCENTES


Consta na Bíblia, o livro atribuido ao Profeta Isaías, registrado a aproximadamente nos anos de 740 a 698 a.C. As professias revelam o perecimento da vida, causado pela corrupção. O tema se apresenta ataulíssimo para os dias de hoje, por isso o registro do que foi dito pelo profeta.

Antes é importante saber que os politicos e governadores do país (guardas e pastores) são acusados pelo profeta Isaías de não levarem a sério a própria função e de agirem em vista dos próprios interesses. Para eles, o poder é um meio para viverem tranquilos, esquecendo os pobres: são cachorros mudos, pois não defendem os interesses da nação; são cachorros insaciáveis, porque devoram os bens públicos para fazerem fortuna pessoal.

A nova era, na qual deveria imperar o direito e a justiça, começa a se esfacelar, pois a corrupção dos governantes causa a desgraça do inocente, de tal modo que este só encontra paz ao morrer. E assim, começa de novo a instaurar-se o regime de morte. por isso, "feras selvagens" são convidadas a devorar esses "cachorros".

No versículo de 56, 09 a 12 diz o Profeta: "Feras selvagens, venham comer, feras todas da selva: os guardas estão cegos e nada percebem, são cachorros mudos incapazes de latir; sonham deitados e o seu prazer é dormir; são cachorros com fome insaciável: são pastores, mas não são capazes de entender; cada um segue seu caminho e procura seus interesses, todos eles, sem excessão. Eles dizem: Venham! eu vou buscar vinho, vamos nos embriagar com bebidas fortes. Amanhã faremos o mesmo, pois há muita provisão".

No versículo 57, 1 e 2 e profeta esclarece: "o justo perece, e ninguém se incomoda; os homens de bem são eliminados, e ninguém se importa. Porque o justo é levado antes que venha o mal , para que entre na paz: aquele que procede com sinceridade descansa no seu leito".

Curiosamente o Profeta Isaías havia lançado antes o anúncio do salvador, falando do menino jesus e de jesus como conselheiro, Deus forte e Pai eterno.

Estão suas palavras no versículo 9, 1 a 6: "O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, e uma luz brilhou para os que habitavam um país tenebroso. Multiplicaste o povo, aumentaste o seu prazer. Vão alegra-se diante de ti, como na alegria da colheita, como no prazer dos que repartem despojos de guerra. Porque, como no dia de Madiã, quebraste a canga de suas cargas, a vara que batia em suas costas e o bastão capataz de trabalhos forçados, porque toda bota que pisa com barulho e toda capa empapada de sangue serão queimadas, devorada pelas chamas".

e segue de maneira esplenderosa: "porque nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado: sobre seu ombro está o manto real, e ele se chama "conselheiro maravilhoso", "Deus Forte", "Pai para Sempre", "Principe da Paz". Grande será o seu domínio, e a paz não terá fim sobre o trono de Davi e seu reino, firmado e reforçado como Direito e a Justiça, desde agora e para sempre. O zelo de Javé dos exércitos é quem realizará isso".

Por isso nos alegremos e vamos celebrar com alegria a Semana Santa, aprendendo,praticando e defendendo os ensinamentos de Jesus.

segunda-feira, 29 de março de 2010

A MISÉRIA MORAL DE EX-ESQUERDISTAS

por Emir Sader


Alguns sentem satisfação quando alguém que foi de esquerda salta o muro, muda de campo e se torna de direita – como se dissessem: “Eu sabia, você nunca me enganou”, etc., etc. Outros sentem tristeza, pelo triste espetáculo de quem joga fora, com os valores, sua própria dignidade – em troca de um emprego, de um reconhecimento, de um espaçozinho na televisão.

O certo é que nos acostumamos a que grande parte dos direitistas de hoje tenham sido de esquerda ontem. O caminho inverso é muito menos comum. A direita sabe recompensar os que aderem a seus ideais – e salários. A adesão à esquerda costuma ser pelo convencimento dos seus ideais.

O ex-esquerdista ataca com especial fúria a esquerda, como quem ataca a si mesmo, a seu próprio passado. Não apenas renega as idéias que nortearam – às vezes o melhor período da sua vida -, mas precisa mostrar, o tempo todo, à direita e a todos os seus poderes, que odeia de tal maneira a esquerda, que já nunca mais recairá naquele “veneno” que o tinha viciado. Que agora podem contar com ele, na primeira fila, para combater o que ele foi, com um empenho de quem “conheceu o monstro por dentro”, sabe seu efeito corrosivo e se mostra combatente extremista contra a esquerda.

Não discute as idéias que teve ou as que outros têm. Não basta. Senão seria tratar interpretações possíveis, às quais aderiu e já não adere. Não. Precisa chamar a atenção dos incautos sobre a dependência que geram a “dialética”, a “luta de classes”, a promessa de uma “sociedade de igualdade, sem classes e sem Estado”. Denunciar, denunciar qualquer indicio de que o vício pode voltar, que qualquer vacilação em relação a temas aparentemente ingênuos, banais, corriqueiros, como as políticas de cotas nas universidades, uma política habitacional, o apoio a um presidente legalmente eleito de um país, podem esconder o veneno da víbora do “socialismo”, do “totalitarismo”, do “stalinismo”.

Viraram pobres diabos, que vagam pelos espaços que os Marinhos, os Civitas, os Frias, os Mesquitas lhes emprestam, para exibir seu passado de pecado, de devassidão moral, agora superado pela conduta de vigilantes escoteiros da direita. A redação de jornais, revistas, rádios e televisões está cheia de ex-trotskistas, de ex-comunistas, de ex-socialistas, de ex-esquerdistas arrependidos, usufruindo de espaços e salários, mostrando reiteradamente seu arrependimento, em um espetáculo moral deprimente.

Aderem à direita com a fúria dos desesperados, dos que defendem teses mais que nunca superadas, derrotadas, e daí o desespero. Atacam o governo Lula, o PT, como se fossem a reencarnação do bolchevismo, descobrem em cada ação estatal o “totalitarismo”, em cada política social a “mão corruptora do Estado”, do “chavismo”, do “populismo”.

Vagam, de entrevista a artigo, de blog à mesa redonda, expiando seu passado, aderidos com o mesmo ímpeto que um dia tiveram para atacar o capitalismo, agora para defender a “democracia” contra os seus detratores. Escrevem livros de denúncia, com suposto tempero acadêmico, em editoras de direita, gritam aos quatro ventos que o “perigo comunista” – sem o qual não seriam nada – está vivo, escondido detrás do PAC, do Minha casa, minha vida, da Conferência Nacional de Comunicação, da Dilma – “uma vez terrorista, sempre terrorista”.

Merecem nosso desprezo, nem sequer nossa comiseração, porque sabem o que fazem – e os salários no fim do mês não nos deixam mentir, alimentam suas mentiras – e ganham com isso. Saíram das bibliotecas, das salas de aula, das manifestações e panfletagens, para espaços na mídia, para abraços da direita, de empresários, de próceres da ditadura.

Vagam como almas penadas em órgãos de imprensa que se esfarelam, que vivem seus últimos sopros de vida, com os quais serão enterrados, sem pena, nem glória, esquecidos como serviçais do poder, a que foram reduzidos por sua subserviência aos que crêem que ainda mandam e seguirão mandado no mundo contra o qual, um dia, se rebelaram e pelo que agora pagam rastejando junto ao que de pior possui uma elite decadente e em vésperas de ser derrotada por muito tempo. Morrerão com ela, destino que escolheram em troca de pequenas glórias efêmeras e de uns tostões furados pela sua miséria moral. O povo nem sabe que existiram, embora participe ativamente do seu enterro.

fonte:outroscampos.blogspot.com

quinta-feira, 25 de março de 2010

A ABSOLVIÇÃO DE UM RÉU CONFESSO

Irmandade do Centro Fonte de Luz na homenagem do centenário de Mestre Daniel

Quer a revista Veja absolver um homicida confesso? Esta é a pergunta que as pessoas vêm fazendo após a matéria na capa da última semana sobre a morte do cartunista Glauco Vilas Boas e seu filho Raoni, ambos assassinados por Carlos Eduardo Sundfeld Nunes. Uma reportagem sem elementos consistentes, agressiva à história de um povo e tendenciosa à intolerância e à minimização do ato criminoso de um réu confesso.

Na sua intolerância, irresponsabilidade, desinformação e direção tendenciosa, a reportagem de Veja sobre o crime contra o cartunista Glauco e seu filho não busca investigar a vida e o roteiro mental do autor de duplo homicídio que já tem passagem pela polícia e contra esta dirigiu também atos criminosos, atirando e ferindo policial após roubar um veículo.

A revista Veja assume caminhos perigosos quando decide atuar como juiz antes mesmo que a polícia pudesse apurar os fatos com a conclusão das investigações e do inquérito policial, assumindo a versão do advogado de defesa de que os atos do réu confesso foram desprovidos de lucidez (das boas faculdades mentais) e por essa razão o criminoso deve ser considerado sem condições de ser punido pelo nosso código penal.

Por outro lado, sem nenhuma confirmação científica que efetivamente sustentem suas afirmações, a reportagem torna-se especulativa ao incriminar o Daime, uma bebida utilizada no Acre por comunidades que possuem total identidade com a formação social, política e cultural do Estado.

Há mais de meio século a construção histórica do povo acreano é entrelaçada com as comunidades tradicionais que utilizam o Daime como sacramento religioso.

Nestas comunidades não sem apresentam situações de saúde duvidosa, como loucura ou surto, em conseqüência de participação religiosa nos centros ancorados nos troncos fundadores desta religião genuinamente amazônica, reconhecida nos três mestres Raimundo Irineu Serra, Daniel Pereira de Matos e José Gabriel da Costa, cuja essência comum está pactuada na afirmação de princípios claros num documento assinado e denominado Carta de Princípios.

Estes princípios assumidos determinam a ética, a moral, a espiritualidade, a cultura a preservação dos bons costumes e da boa conduta, formando homens preparados que ocupam lugares destacados em toda a sociedade nos mais diversos ofícios.

Médicos, professores, engenheiros civis e florestais, arquitetos, pedreiros, padeiros, carpinteiros, enfermeiros, administradores, geógrafos, historiadores, empresários, comerciantes, comerciários, servidores públicos ou da iniciativa privada, juízes e promotores de justiça, entre tantos outros ofícios em que atuam homens e mulheres filhos destas comunidades.

Estes, regularmente são ainda destacados para postos no executivo, no Poder Judiciário ou mesmo no Poder Legislativo, cumprindo perfeitamente suas funções sem distorção ou com falta de lucidez, porque não é conseqüência do Daime deixar as pessoas sem sanidade. Pelo contrário, muitas pessoas conseguem retomar o curso da vida à partir da vivência com a Doutrina orientada nestes centros, ao ponto de podermos encontrar numa mesma comunidade, quatro gerações da mesma família: do bisavô ao bisneto todos com saúde.

Homens e mulheres formados nestas comunidades apresentam a boa saúde física e mental, além da saúde ética, moral e de boa conduta, tão raras nos dias de hoje, conforme mostram os noticiários deste Brasil.

Ao tentar agredir e denegrir a imagem, de maneira indiscriminada, dos que praticam esta religião, Veja age de maneira inconstitucional que nos torna um Estado Laico, abusando de seu poder de imprensa e ainda fere a imagem de instituições governamentais federais sérias que basearam-se em estudos para tomarem uma decisão conscientes de que o Daime não causa dependência química e não agride nem o organismo físico e nem o sistema nervoso daqueles que o utilizam.

Os jornalistas omitiram ainda que nos Estados Unidos esta religião já tem reconhecimento e lá, como aqui no Brasil, o Daime não integra lista de substâncias proscritas, sendo utilizado como sacramento religioso.

É preciso ficar claro que no auge da intolerância a Veja arvorou-se a agredir e incriminar uma religião fruto da cultura amazônica, ao mesmo tempo em que se posiciona pela anistia da culpa do criminoso confesso de 24 anos de idade.

Também é preciso ficar claro que a agressão, no Acre, é contra a identidade e contra a história singular de um povo que possui grandes virtudes, além da história intimamente ligada à floresta e sua sabedoria, através das comunidades que influenciam e são influenciadas pela sociedade na vida política, econômica e cultural desse Estado.

Frank Batista é formado em história na Universidade Federal do Acre, assessor da prefeitura de Rio Branco e membro do Centro Espírita e Culto de Oração Casa de Jesus Fonte de Luz.

Fonte: Blog do Altino Machado

A SENSATEZ DE TIÃO VIANA


O senador Tião Viana (PT-AC) considera "injustas e superficiais" as últimas reportagens sobre o daime.

- Trata-se de uma religião como tantas...merecedora de elevado respeito - escreveu no Twitter.

Católico, Tião Viana lembrou o caso do padre André Ficarelli, ocorrido no Acre. Um homem jogou álcool e queimou o padre dentro da igreja.

- Nem por isso se condenou o catolicismo - concluiu o senador.

Tião Viana é um dos entrevistados da reportagem especial do Jornal da Band sobre o daime, que vai ao ar na próxima semana.

Editorial da Folha de S. Paulo, na edição de quarta-feira, 25, sobre a ayahuasca:

"Era previsível que as mortes trágicas do cartunista Glauco e de seu filho Raoni reanimassem a controvérsia sobre o uso do chá alucinógeno ayahuasca, também conhecido como hoasca ou daime. Glauco fundou uma das igrejas que usa a bebida em rituais. Seu assassino confesso frequentava cerimônias, mas, ao que se sabe, teria ingerido o chá pela última vez semanas antes de cometer o crime.

Há que evitar, em primeiro lugar, a polarização entre a apologia da hoasca e sua demonização. Assim como não há evidência científica dos poderes curativos e transcendentais que seguidores lhe atribuem, tampouco as há para apoiar o pressuposto de críticos acerbos de que o chá cause dependência, faça mal à saúde ou desencadeie ações violentas.

A bebida contém potentes compostos psicoativos diluídos em água. Eles são obtidos de duas plantas, o cipó jagube (Banisteriopsis caapi) e a erva chacrona (Psychotria viridis).

A ingestão tem efeitos sobre o metabolismo de importantes neurotransmissores, como a serotonina. Estimula o surgimento de visões, que os seguidores do Santo Daime chamam de "mirações". É uma droga, sob qualquer definição, como o álcool ou o tabaco -e seu uso deve submeter-se a normas.

A utilização do chá no contexto religioso é autorizada pelo Estado desde 1987. Questionamentos redundaram sempre na confirmação da legitimidade do consumo ritual. A mais recente ratificação se deu em janeiro, com a Resolução n.º 1 do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas.

O Conad faz uma série de recomendações -de um cadastro das igrejas à obrigatoriedade de os líderes religiosos realizarem entrevistas com candidatos a participar dos cultos. Incentiva, também, a realização de pesquisas sobre os efeitos da ayahuasca.

São providências sensatas e preferíveis à repressão ou à proscrição de seitas que acolhem desajustados e desequilibrados entre seus fiéis -como pedem alguns, de maneira oportunista."

fonte: Blog do Altino Machado

O ACRE NO ALTAR


Por Moisés Diniz

A revista Veja acaba de publicar uma sensacionalista reportagem sobre o assassinato do cartunista Glauco Vilas Boas, 53, e de seu filho Raoni, 25. Na reportagem, sem nenhuma base material, a revista acusa o criminoso Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, Cadu, de ter ingerido ayahuasca, levando-o a cometer o crime.

De forma irresponsável e leviana, a revista acusa o uso da ayahuasca como causa do crime e passa a agredir a história dos três líderes que, aqui no Acre, fundaram religiões amazônicas, de raízes indígenas: o mestre Raimundo Irineu Serra, o mestre Daniel Pereira de Matos e mestre Gabriel.

Na tentativa de dar base científica à reportagem, a revista Veja produz um Frankenstein de intolerância religiosa, de desinformação e de preconceito com religiões amazônicas e indígenas. Em nenhum momento cita um estudo científico, com suas fontes e suas provas acadêmicas.

Quando cita a Associação Brasileira de Psiquiatria, não apresenta nenhum especialista, nenhuma fonte demonstrativa ou qualquer prova do que escreve na reportagem. Apenas apresenta a caricatura de um "bacana" com transtorno psíquico, esquizofrênico, que fumava maconha, e que tinha uma mãe e uma tia-avó também esquizofrênicas.

Não apresenta outros casos semelhantes pelo Brasil afora. São mais de 200 centros, entre União do Vegetal e Santo Daime, com mais de 30 mil seguidores. Por que o caso Glauco deveria servir de regra para uma religião que já completou mais de meio século sem um único caso de violência ou morte entre aqueles que a praticam?

Aqui no Acre, entre as igrejas do Alto Santo, Barquinha e União do Vegetal, são milhares de seguidores gozando de elevada qualidade de vida, respeitados socialmente e livres das pragas do alcoolismo e do consumo de drogas.

Aqui no Acre, entre os seguidores do Santo Daime, da UDV e da Barquinha, há juízes e promotores, jornalistas renomados, deputados e prefeitos, médicos e economistas, empresários, professores de universidades, delegados, policiais, membros de academias e de instituições laicas e respeitadas.

Homens e mulheres que estudam, acessam as bibliotecas e estão informados sobre os avanços da ciência, as curvas da economia e da política e as reportagens fantasiosas, levianas, preconceituosas, anticientíficas e mentirosas de Veja.

Milhares de jovens escaparam das grades dos presídios e até da morte porque abraçaram a religião dos entes mágicos da floresta, das ancestrais aldeias indígenas e da fraternidade de viver como irmãos nos dias de louvor, sob a simplicidade de seus hinos e do consumo ritualístico da ayahuasca.

Não há um único caso de agressão física, de violência, de distúrbio ou de morte entre os seguidores da UDV, do Santo Daime ou da Barquinha, em mais de meio século de religião, entre milhares de seguidores.

A revista Veja deturpou tudo: a história e a resistência dos líderes religiosos, o papel espiritual e social que cumpre as igrejas ayahuasqueiras, a origem indígena milenar e a longa tradição de vida saudável de seus membros. A revista Veja só não esqueceu daquilo que está lhe ficando peculiar: escrever com preconceito e leviandade. Veja sequer respeitou a história.

A ayahuasca serviu como base para o estabelecimento de diferentes tradições espirituais por comunidades indígenas nos países amazônicos desde tempos imemoriais. Os povos indígenas utilizaram a ayahuasca como um elo imaterial com o divino que estava entre as árvores, os lagos silenciosos, os igarapés. É que, para eles, a natureza possuía alma e vontade própria.

Povos indígenas do Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia e Equador, há quatro mil anos, utilizam a ayahuasca em seus rituais sagrados, como o padre usa o vinho sacramental na Eucaristia e os indígenas bebem o peyote nas cerimônias sincréticas da Igreja Nativa Americana.

O uso ritualístico da ayahuasca é bem mais antigo que o consumo do saquê ou Ki, bebida sagrada do Xintoísmo, usada a partir de 300 a.C, feito do arroz e fermentado pela saliva feminina, sendo cuspida pelas jovens virgens em tachos.

As origens do uso da ayahuasca nos países amazônicos remontam à Pré-história. Há evidências arqueológicas através de potes e desenhos que nos levam a afirmar que o uso da ayahuasca ocorra desde 2 mil a.C.

A utilização da ayahuasca pelo homem branco é uma acolhida da espiritualidade das florestas tropicais, um banho de rio milenar e sentimental do tempo em que os povos amazônicos viviam em fraternidade econômica e religiosa.

Os ataques ao uso ritualístico-religioso da ayahuasca, como bebida sacramental, nos autoriza a afirmar que podem estar nascendo interesses menos inocentes e mais poderosos do que uma simples preocupação acadêmica com a utilização de substâncias psicoativas.

Nunca é bom esquecer que a ayahuasca é uma substância natural exclusiva das florestas tropicais dos países amazônicos e pode alimentar interesses econômicos relacionados a patentes e elevar a cobiça sobre a nossa inestimável biodiversidade.

Não custa nada ficar alerta para essa esquizofrenia da grande mídia em atacar o uso ritualístico-religioso da ayahuasca. É mais fácil roubar um pão numa padaria do que uma hóstia no altar, mesmo que os dois sejam feitos do mesmo trigo. Por que tanto interesse em dessacralizar o uso da ayahuasca?

A ayahuasca é uma combinação química simples e ao mesmo tempo complexa, que envolve um cipó e um arbusto endêmicos do imenso continente amazônico. Simples porque a sua primitiva química material da floresta é realizada por homens comuns, do pajé ao ayahuasqueiro dos templos amazônicos.

Complexa porque envolve a elevação de indicadores psico-sociais de qualidade de vida e ajuda a atingir estados ampliados de consciência dos usuários. Isso por si só já alça a ayahuasca a um patamar superior no plano do controle científico dessas duas ervas milenares.

Assim, a ayahuasca ganha contornos políticos por envolver recursos florísticos de inestimável valor psico-social e espiritual. Os seus usuários consideram o “vinho das almas” como um instrumento físico-espiritual que favorece a limpeza interior, a introspecção, o autoconhecimento e a meditação.

Utilizar ayahuasca aqui na Amazônia é beber do próprio poço de nossa ancestralidade e da magia que representa a nossa milenar resistência. Aqui na floresta, protegidos pelos entes fortes de nossa religião animista e natural, nossos ancestrais não precisaram “miscigenar” sua fé.

Não foi necessário fazer como os negros escravos, que deram nomes de santos católicos aos seus deuses africanos. Nossos ancestrais indígenas não precisaram batizar Iemanjá de Nossa Senhora ou Oxossi de São Sebastião para se protegerem da fé unilateral do dono da terra e das almas.

É que entre nós a terra era de todos e o único dono era o senhor da chuva, do orvalho e do sol. A beleza coletiva dos recursos naturais era compartilhada por toda a aldeia, do curumim ao sábio ancião.

A ayahuasca era a essência espiritual dessa convivência material fraterna e universal entre as árvores carinhosas, os riachos irmãos, os pássaros cantores, os peixes, as larvas, os insetos, as flores. A ayahuasca ancestral era o elo entre a terra e o espírito.

Se não fosse uma erva espiritual e mágica, trazida pelas mãos milenares dos povos indígenas amazônicos, ela não teria resistido ao tempo. Por isso é natural que a ayahuasca atraia cada vez mais o homem branco, esmagado pelo destrutivo modo de vida urbano, elitista, ocidental, capitalista.

A ayahuasca não é um chá que se consome como se bebe um líquido ácido qualquer. O seu uso é espiritual e envolve aqueles que o utilizam na mais límpida tradição de amar o próximo e reencontrar os valores que perdemos na caminhada do planeta que se dividiu em castas, cores, fronteiras e etnias.

Não entrarei no debate acadêmico sobre o uso de substâncias psicoativas por parte das religiões milenares, das eras pré-colombianas aos templos dos tempos atuais. Não tenho competência para debater os pontos de vista da medicina, da psicologia ou da etnofarmacologia. Ficarei apenas com os resultados do uso milenar da ayahuasca pelos povos indígenas.

A milenar história amazônica não registra casos de morte ou de seqüelas à saúde dos povos indígena por terem utilizado a ayahuasca. Nenhum índio, nesses séculos de consumo da ayahuasca, deu entrada no hospital dos brancos ou foi curado pelos pajés.

A ayahuasca não é "taliban", seus usuários não constituem nenhuma seita, eles não são fanáticos, não há um único caso de morte ou de castigo físico que tenha sido resultado do seu consumo ritualístico.

O uso ritualístico da ayahuasca não provoca transes místicos ou de possessão. Ela não age no organismo como a antiga bebida hindu, denominada soma, que se divinizou por afastar o sofrimento, embriagando e elevando as forças vitais.

Depois de 4 mil anos de uso sagrado e ritualístico da ayahuasca, os estudiosos da civilização ocidental erguem argumentos anêmicos e endêmicos de uma sociedade que tem medo do "contato" aberto do homem com a natureza. É que eles têm medo da relação amorosa entre o indivíduo e a natureza com os seus elementos poderosos e coletivos.

Os sábios e avançados incas utilizaram a ayahuasca para consolidar-se como povo, como nação e para ajudar no florescimento da cultura, da matemática, da agricultura e da astronomia. Não é qualquer planta ou cipó que faz um povo, uma história milenar, uma religião.

Só não puderam utilizar a sagrada ayahuasca para produzir metálicos fuzis, pois se assim fosse, não teriam sido dizimados pelos invasores espanhóis. Pizarro não consumiu o “cipó dos mortos”, por isso dizimou tantos guerreiros, mulheres índias, donzelas, pajés, curumins.

A ayahuasca resistiu, venceu os invasores e as suas crenças unilaterais, atravessou os séculos, os milênios, unificou as milenares gerações indígenas e suavizou a dor "civilizaria" das eras pós-colombianas.

A ayahuasca é a religião da terra para o céu, da matéria eterna e natural para o infinito do sonho humano, a religião natural. Uma verdadeira e única religião do Brasil, aliás, uma colossal e genuína religião amazônica e indígena.

Encerro esse ensaio com um relato da experiência física de quem fez uso ritualístico-religioso da ayahuasca:

Lembro de tudo nitidamente. Eu via seres de luz carregando lixo da floresta para dentro de uma caminhonete. Muitos seres e muito lixo. Então perguntei para um deles:

- O que é isso?

Um dos seres me respondeu:

- São as suas máscaras, você não pode ver ainda.

Moisés Diniz é autor do livro O Santo de Deus e deputado estadual pelo PCdoB do Acre.

Extraído do Blog do Atino Machado

segunda-feira, 1 de março de 2010

PRECISAMOS DE SEGURANÇA








Há uma intranquilidade no ar. Um sentimento presente. Uma revolta embrulhada pela comoção e pela dúvida. O que está acontecendo em nossa cidade? A pouco tempo atrás vivemos uma instabilidade na segurança pública. Assaltos, sequestros e crimes hediondos ocorrendo em Rio Branco. Uma breve pausa, ainda que com cenas horríveis incluindo agressões sexuais a menores de idade e desova de corpos em bairros sem pistas dos assassinos.
Agora em uma semana, três civis são atingidos por oficiais de polícia, antes mesmo que pudéssemos esquecer uma tragédia ocorrida na Vila do "V" em Porto Acre com um membro da PM. Não bastasse o terror psicológico da dengue e da gripe que já atinge um grande contingente da capital, estamos frente e frente com a irresponsabilidade de quem deveria nos ofertar a segurança como cidadãos que buscam o direito pela "paz social" que a séculos foi prometida pelos homens que construíram o "Estado Moderno" com a "Revolução Francesa" . Para onde ir, a quem vamos pedir refúgio e socorro? Por ora, sei apenas que preciso de segurança. Quanto aos episódios cotidianos me alio à opnião da professora Fátima Almeida:

QUERO VER A FOTO DOS ASSASSINOS
Fátima Almeida
Se existe uma coisa que me incomoda muito é o fato de que, todas as vezes que policiais atiram e matam civis "por engano", somente as vítimas e seus familiares são expostos pela mídia.
A moça que foi assassinada em Rio Branco com um tiro de fuzil pelas costas, por um policial que estava dando apoio a uma blitz no trânsito, foi fotografada já sem vida estirada no asfalto.As fotos do corpo dela no caixão também foram expostas ao público, de bom tamanho, até nos jornais impressos.
O desespero da mãe e do namorado pelos canais de televisão. Mas ninguém viu até agora as fotografias dos homicidas.Uma coisa em que acredito piamente é no poder da execração pública. As fotografias dos policiais homicidas deveriam aparecer na mídia ao lado do corpo da moça estirado no asfalto.Por que não? Por que são protegidos? Por temor às represálias, a si mesmos e aos seus familiares? Esse temor deve ser um princípio ou uma condição para que não atirem em civis desarmados.
Uma blitz de rotina não é um cerco a assaltantes e traficantes. A finalidade de uma blitz é a arrecadação em primeiro lugar. Só em segundo ou terceiro lugares existe mesmo essa idéia de zelar pela segurança pública. A execração pública é uma arma poderosa, capaz, por si mesma, de inibir esse tipo de atitude. Mas esse corporativismo com o qual os militares protegem a sua imagem é prejudicial para todos.
Ouvi diversas pessoas exprimirem sempre a mesma opinião: "não vai acontecer nada com eles”. O próprio comandante da Polícia Militar disse durante entrevista coletiva que “é muito cedo” para se falar nisso, na possibilidade de que os assassinos sejam expulsos. Os policiais assassinos deveriam ter sido despidos da farda imediatamente, por absoluta falta de respeito e compromisso com a sua corporação, pela ameaça que constituem para os civis.
Homens com autorização para usar armas de fogo devem ter mais autocontrole que os homens aos quais não é permitido usar armas. Se não são capazes de controlar os ímpetos e o desejo insano de atirar em alguém que façam o favor de procurarem outra profissão.
Todos nós entendemos que a fuga do rapaz da moto decorreu do pânico em ser autuado porque usava chinelos, e, em especial, ter que pagar uma multa. As multas de trânsito não constituem moleza nem fazem distinção quanto ao nível de renda.
Melhor mostrar as imagens dos homicidas e desse modo limpar a imagem da corporação, mostrar punição com rigor para restabelecer a confiança da população nos policias militares. Caso contrário vamos ficar a esperar outro fato como esse.
É muita covardia da Polícia Militar atirar pelas costas em pessoas das quais não existem dúvidas que são pobres. As estatísticas bem poderiam apresentar dados sobre os casos de moças que perdem a vida por estarem nas garupas de seus namorados e amigos, sempre por acidentes, por falta de temeridade ou excesso de confiança nos seus parceiros.
Mas receber um tiro de fuzil nas costas, que lhe arrebentou o coração, é algo que não poderia ter acontecido nunca com aquela moça, atingida pelo policial mantido com verba do erário, que também financiou a própria bala do fuzil.
Eu, cidadã, quero ver também as fotos dos policiais que nesta mesma semana atiraram e espancaram o inocente jovem universitário. Quero ver as fotos dos policiais militares que atiraram e assassinaram a moça que estava na garupa da moto do namorado que tentou escapar da blitz. Nós precisamos saber tudo, até mesmo se está havendo alguma conspiração para afetar a imagem e colocar em dúvida a competência da atual Secretária de Segurança, que está tentando fazer o melhor possível.

Fátima Almeida é historiadora

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A REINVENÇÃO PARA A LUTA SOCIAL

Heráclito e outros gregos foram bons inventores e reinventores: pensavam na Polítika, na República, conversavam no Banquete sobre a Odisséia, tratavam da Justiça e do Bem maior. Também falavam da Guerra pelo Amor e dos desafios para as cidades. Estas e outras coisas, como as astrais, vistas por um olhar Teóriko e como um movimento (este único elo da materia e do espírito). E assim é eterno o movimento que precisa ser compreendido por uma outra invenção: a Dialétika, instrumento metodológico capaz de compreendê-lo em sua unidade de contrários, em sua identidade de opostos, em sua negação da negação e na sua compreensão de que tudo se liga e se relaciona e ainda compreendê-lo quando se tornar o contrário do bem que anunciava no seu início. E no final de tudo isso, estas questões estão bem conectadas com o giro atual da terra. Por isso é urgente e necessário nossa reinvenção para a luta social pela libertação dos trabalhadores das correntes do império do Kapital.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

ESCLARECIMENTOS SOBRE O HELICÓPTERO GOVERNAMENTAL

Fonte: Blog do Altino Machado
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

HELIBRAS E GOVERNO DO ACRE

Revista Veja publicou cartas da Helibras e da Secretaria de Comunicação do Governo o Acre "A respeito da nota "Uma fase acre para o PT" (Holofote, 3 de fevereiro), temos esclarecimentos da Helibras referentes ao inquérito conduzido pela Procuradoria da República no estado do Acre sobre o contrato de compra de helicóptero celebrado entre a empresa e o governo do estado do Acre em 2009:
1) A Helibras prestou todas as informações solicitadas sobre o contrato de compra e venda do helicóptero Esquilo AS 350 celebrado entre a empresa e o governo do estado do Acre;
2) a empresa esclareceu, através de ofício, que a variação dos valores dos contratos ocorre em função das diferentes necessidades de cada órgão público, e que cada processo licitatório encerra um objeto de contratação que envolve a plataforma da aeronave mais componentes específicos para o tipo de operação, mais serviços que sejam requeridos, mais eventual treinamento, cujo custo depende do local onde será realizado, do total de pilotos e mecânicos a ser treinados etc.;
3) essas diferentes necessidades requeridas na licitação, bem como o ano de aquisição das aeronaves, a lista de preços vigente e as condições financeiras das licitações, resultam em diferentes valores contratuais;
4) outro fator que deve ser considerado é o fato de que, nos contratos efetuados em moeda nacional, há a influência da variação cambial;
5) nas informações encaminhadas pela Helibras ao procurador, os equipamentos e acessórios referentes a cada contrato foram detalhados, demonstrando que cada aeronave licitada tinha uma configuração específica, e, desse modo, os diferentes valores contratuais corresponderam a essa diversidade;
6) todas as licitações de que a Helibras participou são públicas. Os detalhes sobre as fases contratuais de concorrência ou pregão são de conhecimento público.
Patrícia DiguêAssessoria de imprensa da Helibras Convergência Comunicação Estratégica Ltda.

"A compra de um helicóptero Esquilo AS 350 feita pelo governo do Acre junto à Helibras se deu como resultado de uma licitação em que concorreram as empresas TAM e Helibras, que venceu pelo critério de menor preço e cumpriu o contrato de entrega do aparelho, além de um pacote de treinamento de pilotos e mecânico, assistência técnica e seguro.
Todas as informações e documentos alusivos à licitação foram disponibilizados para o Ministério Público Federal. O contrato para a aquisição do helicóptero ocorreu de forma lícita e transparente.
Entendemos que o MPF tem todo o direito de investigá-lo para que a União não venha a ser responsabilizada por atos abusivos de autoridades que a representam.
O ex-governador Jorge Viana, que responde pela presidência do conselho administrativo da Helibras, e não pelo seu departamento de vendas, não teve participação no processo que resultou na compra do helicóptero.
Aníbal Diniz Secretário de Comunicação do governo do Acre Por e-mail"

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

DOIS PROBLEMAS

Vi no blog Tempo Algum, uma reflexão importante descrevendo em apenas dois parágrafos o giro atualizado da terra no que diz respeito as relações sociais produzidas pela humanidade e ao mesmo passo a conexão com os rumos do Acre e de como nestas relações, principalmente a econômica, nos inserimos e nos envolvemos.
Os dois parágrafos trazem a questão dos que estão buscando inventar e fazer coisas para gastar o dinheiro que ganharam e ganharem o que gastaram e também o problema da sustentabilidade da economia do Acre, calçada em projetos, financiamentos e empréstimos.
De maneira mais detalhada dei meu ponto de vista descrevendo com mais detalhes a mesma afirmação. O autor do Blog Tempo Algum está conectado com o movimento planetário d´O Capital:

Sua reflexão está conectada com o giro atual da terra. No ano passado "Eles" viveram a maior dificuldade para inventar e fazer coisas para gastar o que ganharam e ganhar o que pretendiam gastar. O acúmulo do que ganharam até então pode ser medido pela proporção do número de pobres e miseráveis do planeta (África, América Latina, do Sul, Brasil, Haiti, etc...).

Por esta realidade não há outra invenção senão o ardil da maldade: Promoção de guerras entre tribos e nações, incentivo à mentira e a corrupção nos governos, golpes de Estado, vendas de armamentos no mercado ilegal e estímulo aos altos índices de mortalidade nos países pobres.

"Nós" sequer conseguimos nos ver como classe (a dos não industriais por não controlarmos os meios de produção), quanto mais admitir que esta luta exista na prática e no campo das idéias. "Eles" construiram a válvula de escape: financiam projetos e emprestam dinheiro para o "estado" e assim possuem total garantia que ganharão o que gastaram, pois a dívida é de governo, ou seja, da sociedade, talvez a única coisa que efetivamente seja pública.

"Nós" passamos a cumprir regras e orientações para cumprir os pagamentos, renegociar ou renovar a dívida quando esta vencer e não tivermos lastro suficiente para pagá-la. Assim perdemos nossa autonomia e então a única sustentabilidade em jogo é a d"Eles" e não a "Nós"sa.

Vamos ao menos,tentando engrossar as fileiras dos que se percebem não sendo "Eles" e ao menos reclamar, denunciar, tentar empatar. Até podermos mesmo nos reinventar.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

2010, O ANO JÁ PROMETE







Estamos no primeiro mês e o giro da terra nos trouxe eventos marcantes com as famosas chuvas de alagação nas cidades que apresentam drenagens insuficientes para a vazão das águas pluviais, ou seja, quase todas as cidades inclusive Rio Branco.


Alguns falam que é a Lei Universal do Retorno por não estarmos respeitando o meio ambiente, os mais antigos dizem que é isso mesmo: os homens estão querendo ser deuses e a natureza está dizendo que para tudo há um limite! Do contrário aguentemos as consequências.

Outros permanecem falando que tudo é casual... A terra vai aquecer e congelar, vai alagar e secar como sempre aconteceu por bilhões de anos existenciais do planeta. Parece que estes já se conformaram com a possibilidade do homem ser varrido, banido da face da terra. Também permanece o debate do progresso, do desenvolvimento, da ação econômica apressando o consumo do que ainda resta dos recursos naturais (a saber os recursos Amazônicos). Se estamos de fato no desenvolvimento sustentável, precisamos de mais providências para sermos convencidos.

No Brasil e em especial no Acre, 2010 trará a nova quadra eleitoral! renovação de mandatários e também de mandatos; reafirmações de projetos e discursos com ênfase para o desenvolvimento sustentável. Concordo, com o que já foi dito por um dos fundadores deste movimento político que já governa o Acre por dez anos, "(...) A hora é de refazer, refletir, avaliar as velhas e sábias instruções, as bandeiras originárias, os saudáveis sonhos e refundar ou repactuar os caminhos que fundaram o que passamos a chamar de Frente Popular do Acre".
Da minha parte vou alimentar as espectativas de que possamos, de maneira serena e sábia, realizarmos esta necessária reflexão e repactuação. Pelo bem do Acre.



quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A ESTE SIMBOLO NOSSA HOMENAGEM


Fragmentos de um discurso amoroso

(...) Sabemos que a força propulsora da transformação social
está na prática do maior de todos os mandamentos
da Lei de Deus: o Amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas."Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos"
significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça;
significa não ter preconceitos,
aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena,
prioritariamente daqueles que mais necessitam.
Somar esforços para alcançar os objetivos,
servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade.
Cremos que esta transformação social exige
um investimento máximo de esforços
para o desenvolvimento integral das crianças.
Este desenvolvimento começa quanto
a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe.
As crianças, quando estão bem cuidadas,
são sementes de paz e esperança.
Não existe ser humano mais perfeito, mais justo,
mais solidário e sem preconceitos que as crianças.
Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores
e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos,
e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado,
promover o respeito a seus direitos e protegê-los.

— Trechos do último discurso Zilda Arns

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O que torna o coração dos poderosos tão duro e tão fechado?
A vaidade de demonstrarem o quanto é grande cada império construído tendo como base a fome, a miséria, a guerra, a dor, a submissão de outros homens?
O orgulho de demonstrarem que sob tal domínio estão um sem números de outros homens?
Uma sede de poder com natureza insaciável?
O dinheiro que fica aqui quando cada um parte para outro plano?
Uma cegueira que lhes impedem enxergar até mesmo as crianças que estão a implorar um pouco de pão, abrigo e uma vida menos sofrida?
O esquecimento de que um dia suas mães choraram para lhes conceder a vida, a proteção e carinho?
O individualismo que impede que se importem com o próximo?
Quem saberá os motivos?
Para o infinito de perguntas que vão surgindo mundo a fora, sempre há símbolos para quem a humanidade destaca o exemplo, ainda que muitos não os sigam, nos devolvendo a razão e apontando para o que de fato deveríamos fazer.
A estes símbolos nossa gratidão e afirmação de lições tiradas.
A estes símbolos prestamos nossas homenagens.

COMEÇA O NOVO ANO

A vida segue com as mesmas alegrias e pesares e a humanidade busca se renovar para continuar a saga na terra trazendo a herança da história até então construída. Ah! a renovação...Muitos comemoraram, festejaram, beberam e comeram como se fosse a última vez! Outros, não por opção, nem comemoraram, nem beberam e nem comeram, apenas no compasso da espera renovaram as esperanças por dias melhores esperando o dia em que puderem estar nos fartos banquetes. Alguns, por opção, meditaram e dirigiram seus pensamentos e orações para que os homens pudessem viver realmente dias melhores. Pedindo que os castigos, as fúrias da "natureza" que haverão de vir sobre a terra, fossem amenizados e passados à frente para que não sofram os inocentes. E pedindo ainda que o coração dos governantes sejam tocados para que administrem com amor a Deus e amor ao próximo para que não causem um derramamento de sangue geral sobre a terra.