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sábado, 30 de novembro de 2013

AS CRISES ECONÔMICAS E A TEORIA MARXISTA


"A base do modo de produção capitalista é a produção de mais-valia para valorizar o capital, este entendido como valor em processo, valor que procura se valorizar, valor que entra na circulação para se multiplicar e se acumular. A mais-valia, por sua vez, é materialização de tempo de trabalho não-pago, ou rendimento de trabalho alheio acumulado. O processo de produção capitalista é, portanto, processo de produção de mais-valor. O motor da produção capitalista é a obtenção permanente de mais-valor, e a origem do mais-valor é a exploração da força de trabalho humana, decorrente da divisão de classes, fruto da forma de apropriação dos meios de produção que gera a relação antitética entre proprietários e não-proprietários dos meios de produção, isto é, capitalistas e trabalhadores.

A relação de negatividade que caracteriza a sociedade capitalista faz com que o trabalhador tenha que vender sua força de trabalho para o capitalista e dele receber um salário, fruto de um contrato aparentemente livre, mas essencialmente opressor: o contrato determina como e quanto tempo o operário deve trabalhar. O despotismo na fábrica decorre de uma necessidade do capital: a divisão do trabalho que, através dos avanços técnicos e dos graus de especialização do trabalho, faz aumentar a produtividade, acumulando mais capital.

" Osvaldo Coggiola & José Martins"
Do núcleo de Educação Popular 13 de Maio


NO CAMINHO COM MAIAKÓVISKI


Veja como está:
A caminho com Maiakovski
(Bertolt Brecht)


Na primeira noite, eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim: não dizemos nada.
Na segunda, já não se escondem. Pisam as flores, matam o nosso cão e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.


Veja como é:

NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakósvki.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz:
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas no tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares,
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo.
Por temor, aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!


EDUARDO ALVES DA COSTA
Niterói, RJ, 1936