Minha lista de blogs

quarta-feira, 29 de julho de 2009

CONDORCANQUI TUPAC-AMARU



Tupac-Amaru (1781)

Condorcanqui Tupac-Amaru,
sábio senhor, pai justo,
viste subir a Tungasuca
a primavera desolada
dos patamares andinos
e, com ela, sal e desdita,
iniqüidades e tormentos.

Senhor Inca, pai cacique,
tudo em teus olhos se guardava
como num cofre calcinado
pelo amor e pela tristeza.
O índio te mostrou o ombro
no qual as novas mordidas
brilhavam nas cicatrizes
de outros castigos apagados,
e era um ombro e outro ombro,
todas as alturas sacudidas
pelas cascatas do soluço.

Era um soluço e outro soluço.
Até que armaste a jornada
dos povos cor de terra,
recolheste o pranto em tua taça
e endureceste as veredas.

Chegou o pai das montanhas,
a pólvora levantou caminhos,
e às aldeias humilhadas
chegou o pai da batalha.
Jogaram a manta na poeira,
uniram-se os velhos punhais,
e o búzio matinho
chamou os vínculos dispersos.
Contra a pedra sanguinária,
contra a inércia desgraçada,
contra o metal das correntes.
Porém dividiram o teu povo,
e irmão contra o irmão
mandaram, até que tombaram
as pedras da tua fortaleza.
Ataram os teus membros cansados
a quatro cavalos raivosos
e esquartejaram a luz
do amanhecer implacável.

Tupac-Amaru, sol vencido,
de tua glória desgarrada
sobe como o sol do mar
uma luz desaparecida.
As fundas aldeias de argila,
os teares sacrificados,
as úmidas casas de areia
dizem em silêncio: "Tupac",
e Tupac é uma semente,
dizem em silêncio: "Tupac",
e Tupac se guarda no sulco,
dizem em silêncio: "Tupac",
e Tupac germina na terra.

Pablo Neruda: Canto Geral

terça-feira, 28 de julho de 2009

QUEREMOS A PAZ


Em 1914, precisamente no dia 27 de julho, os trabalhadores realizavam um Ato na França contra a recém declarada guerra mundial. O capitalismo havia saído do casulo construído na fase concorrencial. Agora rompendo sua infância estava inaugurando a fase monopolista, cujo caminho era o domínio do globo através da ocupação política e econômica dos Países ainda não conhecedores das maravilhas industriais. Esta política de ocupação e divisão do globo na fase do capital monopolista tornou-se conhecida como imperialismo.
O interesse pelo lucro fez com que Inglaterra, França e Alemanha quebrassem a harmonia construída entre as nações Européias. Os códigos de paz até então eram tão fortes que a morte de um cidadão Alemão por um Inglês era punida com a forca pelo Estado Britânico.
Com a guerra se um britânico mata um alemão ou vice-versa torna-se um homem celebrado pela defesa da honra. Os jovens europeus passaram a receber treinamentos para combater os jovens e os homens das nações agora inimigas. Os trabalhadores eram recrutados para irem à guerra.
Alguns líderes operários perceberam que aquela guerra fora aberta por donos de grande indústria, com o objetivo de assumir o espaço de produção, de arrecadação de matéria-prima e de força de trabalho barata, mas principalmente, de espaço para venda de mercadorias. Era a guerra da concorrência!
A disputa em armas estava sendo realizada pelos donos dos grandes monopólios, os maiores capitalistas que agora construíam sua entrada imperial no mundo.
Na Alemanha, a oposição contra a guerra e contra o ingresso dos operários numa luta armada que não lhes pertenciam tinha o gesto maternal, a suavidade feminina, a força vital da mulher e o nome de bela flor: Rosa Luxemburgo.

Rosa organizou com o mais belo movimento, os trabalhadores alemães e enviou o som de sua voz aos trabalhadores franceses e ingleses, lhes dizendo: - esta guerra não é dos trabalhadores, nós não devemos nos assassinar para defender os interesses dos capitalistas. Os trabalhadores devem celebrar a paz e devem construir a solidariedade internacional.
O dinheiro já havia embriagado e confundido os sentidos dos homens e a guerra aconteceu. Cegos, os homens executaram um barbarismo primitivo, esqueceram que eram iguais aqueles assassinados inimigos. Não perceberam que assumiram o ódio das classes dominantes para com a própria classe. Multidões foram massacradas.
O filósofo Bertrand Russel assim descreve o período: “Patriotas em todos os Países celebram esta orgia brutal como a nobre determinação de vingar seus direitos, a razão e a piedade são varridas por uma grande avalanche de ódio, abstrações de maldade...E toda essa loucura e fúria e morte flamejante de nossa civilização e nossas esperanças foi provocada porque os políticos, quase todos estúpidos e sem imaginação ou coração, escolheram que ela ocorresse...”.
A Grã-Bretânha, até então, dirigente do maior processo evolutivo da história mundial, fracassou com a Europa e com a humanidade.
O imperialismo saiu vitorioso. As nações viraram novas colônias dos bancos, das companhias mercantis, das grandes fábricas, ou melhor dizendo dos seus donos que construíram a guerra e depois tiraram dela os dividendos e os almejados lucros.
Pelo imperialismo outra guerra mundial aconteceu e guerras entre nações ainda acontecem para garantir o controle da produção econômica de bases capitalistas.
Quanto à rosa, esta como as plantas, deu raiz a outras que continuam até hoje ecoando sua voz, dizendo: Não ao capitalismo, Não à guerra, Viva a paz e a solidariedade entre os povos!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Casa cheia, luz apagada e muita alegria na plenária do PCdoB


A cara feia do apagão mostrou seus dentes neste domingo.
Um princípio de incêndio no linhão, lá em Porto Velho deixou o Acre sem energia durante toda a manhã deste domingo. Um deus nos acuda. As ''termo'' não deram conta, simplesmente porque não haviam sido religadas (todas) em função da decisão judicial da semana passada. Segundo os técnicos, leva tempo.

A ausência de energia elétrica foi substituída plenamente pelo ânimo militante de dirigentes do PCdoB que lotaram o auditório da secretaria de educação durante o domingo. Isso mesmo. Num domingo pós-abertura da Expo-Acre a disciplina militante se fez notar durante horas de debate acerca da mobilização necessária em torno das tarefas envolvendo a realização de 22 conferências municipais, a conferência estadual (26 e 27 de setembro), eventos preparatórios ao 12º Congresso Nacional do PCdoB que acontecerá em novembro, em São Paulo.

No gogó se discutiu a agenda de mobilização. Passou-se em revista as tarefas no campo da construção política em torna da Frente Popular levando em conta a experiência político- administrativa acumulada, a necessária medida a ser tomada de iniciar os debates do balanço destes 20 anos, bem como o apontar de caminhos para futuras batalhas postas na agenda eleitoral.

É simplesmente animador encontrar militantes que enchem auditório com ânimo renovado e lucidez política suficiente para compreender que em cada tempo se vence etapas da batalha. Que não se deve ter pressa nem lentidão, na tomada de decisões política. Que no horizonte se descortina possibilidades animadoras na construção partidária e que a confiança é marca na relação interna partidária. Um ambiente sadio da política, assim foi a plenária do PCdoB neste domingo. Frutos virão.

Ao final, entrega de carteirinhas encarnadas.

Fonte: Blog do Edvaldo