Minha lista de blogs

domingo, 2 de agosto de 2009

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE

Ipê Roxo florado
ECOLOGIA MENTAL E SOCIAL

Lenardo Boff, teólogo e filósofo nos traduz a essência de como deveríamos cuidar da terra com todo o humanismo que ela merece. Então define formas de ecologia para os homens praticarem buscando atingir o bem-estar geral e um desenvolvimento progressivo observando a finitude dos recursos naturais e do próprio desenvolvimento rumo ao futuro. Descrevemos aqui dois desses conceitos por ele formulados.

Coincidentemente a Senadora Marina Silva do Acre, reconhecida pela gloriosa luta em defesa do Meio Ambiente numa entrevista ao Jornal A Gazeta, de Rio Branco no Acre, aponta como num governo progressista que é executado pelo Presidente Lula no Brasil, há combates contra as contradições do pensamento pelo Lucro, Pelo desenvolvimento baseado na visão da infinitude dos recursos e da vida no planeta terra.

transcrevo aqui, trechos do conceito em Leonardo Boff que dialogam perfeitamente com trechos da entrevista da Senadora Marina Silva, publicado logo abaixo. Ambos possuem a mesma linguagem e entendimento sobre os problemas concretos da influência do Meio Ambiente para o Brasil e a humanidade.

Leonardo Boff

Ecologia mental - A terceira, a ecologia mental, chamada também de ecologia profunda, sustenta que as causas do déficit da Terra não se encontram apenas no tipo de sociedade que atualmente temos.
Mas também no tipo de mentalidade que vigora, cujas raízes alcançam épocas anteriores à nossa história moderna, incluindo a profundidade da vida psíquica humana consciente e inconsciente, pessoal e arquetípica.

Há em nós instintos de violência, vontade de dominação, arquétipos sombrios que nos afastam da benevolência em relação à vida e à natureza. Aí dentro da mente humana se iniciam os mecanismos que nos levam a uma guerra contra a Terra.

Eles se expressam por uma categoria: a nossa cultura antropocêntrica. O antropocentrismo considera o ser humano rei/rainha do universo. Pensa que os demais seres só têm sentido quando ordenados ao ser humano; eles estão aí disponíveis ao seu bel-prazer.
Esta estrutura quebra com a lei mais universal do universo: a solidariedade cósmica. Todos os seres são interdependentes e vivem dentro de uma teia intrincadíssima de relações. Todos são importantes.Não há isso de alguém ser rei/rainha e considerar-se independente sem precisar dos demais.

A moderna cosmologia nos ensina que tudo tem a ver com tudo em todos os momentos e em todas as circunstâncias. O ser humano esquece esta realidade. Afasta-se e se coloca sobre as coisas em vez de sentir-se junto e com elas, numa imensa comunidade planetária e cósmica. Importa recuperarmos atitudes de respeito e veneração para com a Terra. Isso somente se consegue se antes for resgatada a dimensão do feminino no homem e na mulher.

Pelo feminino o ser humano se abre ao cuidado, se sensibiliza pela profundidade misteriosa da vida e recupera sua capacidade de maravilhamento. O feminino ajuda a resgatar a dimensão do sagrado. O sagrado impõe sempre limites à manipulação do mundo, pois ele dá origem à veneração e ao respeito, fundamentais para a salvaguarda da Terra.

Cria a capacidade de re-ligar todas as coisas à sua fonte criadora que é o Criador e o Ordenador do universo. Desta capacidade re-ligadora nascem todas as religiões. Precisamos hoje revitalizar as religiões para que cumpram sua função religadora.

Ecologia social - A segunda _a ecologia social_ não quer apenas o meio ambiente. Quer o ambiente inteiro. Insere o ser humano e a sociedade dentro da natureza. Preocupa-se não apenas com o embelezamento da cidade, com melhores avenidas, com praças ou praias mais atrativas. Mas prioriza o saneamento básico, uma boa rede escolar e um serviço de saúde decente. A injustiça social significa uma violência contra o ser mais complexo e singular da criação que é o ser humano, homem e mulher. Ele é parte e parcela da natureza.

A ecologia social propugna por um desenvolvimento sustentável. É aquele em que se atende às carências básicas dos seres humanos hoje sem sacrificar o capital natural da Terra e se considera também as necessidades das gerações futuras que têm direito à sua satisfação e de herdarem uma Terra habitável com relações humanas minimamente justas.Mas o tipo de sociedade construída nos últimos 400 anos impede que se realize um desenvolvimento sustentável.

É energívora, montou um modelo de desenvolvimento que pratica sistematicamente a pilhagem dos recursos da Terra e explora a força de trabalho.No imaginário dos pais fundadores da sociedade moderna, o desenvolvimento se movia dentro de dois infinitos: o infinito dos recursos naturais e o infinito do desenvolvimento rumo ao futuro.

Esta pressuposição se revelou ilusória. Os recursos não são infinitos. A maioria está se acabando, principalmente a água potável e os combustíveis fósseis. E o tipo de desenvolvimento linear e crescente para o futuro não é universalizável. Não é, portanto, infinito. Se as famílias chinesas quisessem ter os automóveis que as famílias americanas têm, a China viraria um imenso estacionamento. Não haveria combustível suficiente e ninguém se moveria.

Carecemos de uma sociedade sustentável que encontra para si o desenvolvimento viável para as necessidades de todos. O bem-estar não pode ser apenas social, mas tem de ser também sociocósmico. Ele tem que atender aos demais seres da natureza, como as águas, as plantas, os animais, os microorganismo, pois todos juntos constituem a comunidade planetária, na qual estamos inseridos, e sem os quais nós mesmos não viveríamos.

0 comentários:

Postar um comentário