Sem sombra de dúvidas é na política onde percebemos de maneira melhor os movimentos e as leis da dialética. Unidade e identidade dos contrários, luta ou interpenetração dos contrários, tudo se relaciona, tudo se transforma, passagem da quantidade à qualidade (mudança qualitativa), negação da negação, constituição de novas formas incorporando os elementos das velhas formas e o mais importante: o movimento que inicia um processo positivo de mudança pode se tornar o seu contrário.
O caso da saída da Senadora Marina Silva do PT e o abraço de Tamanduá que recebemos do Presidente do Senado José Sarney, sob o argumento da governabilidade é uma experiência rica. Por ora falemos apenas da decisão da Ex-Ministra do Meio ambiente.
Alguns apressados estavam já a julgar a decisão de Marina Silva em sair do PT. Denominaram-na de traidora e até lhe acusaram de estar aliada à oposição referindo-se ao PSDB, como se o PMDB, mesmo agora, fosse fiel defensor dos trabalhadores.
Esta pressa totalmente desnecessária, não observou que a Senadora busca levar para a agenda eleitoral o tema Ambiental, sem, no entanto, construir uma ruptura com o Presidente Lula. Ela buscou um outro espaço não mais existente na sua antiga casa, o Partido dos Trabalhadores.
Não! Não nos apressemos em dizer que há uma ruptura porque os comunistas e também os socialistas do PSB construíram um bloco de esquerda, logo após o abandono de compromissos na eleição para a Câmara dos Deputados, ensaiando a candidatura de Ciro Gomes Presidente da República, sem romper com o governo, mas buscando chamar a atenção de Lula e do PT para o campo de aliança histórico que é o campo da esquerda. Este ato foi tão legítimo quanto o ato de Marina ao se referir ao conteúdo ideológico do tema ambiental e sua necessidade de espaço na agenda governamental.
O governo possui muitas contradições. No campo da economia, no campo das alianças, no trato a aliados históricos, na forma como lida com as divergências internas.
Marina tomou sua decisão. Lula veio ao Acre lançou o Programa de Casas Populares Minha Casa, Minha Vida. O clima foi de bom humor, de boa convivência, não houve e certamente não haverá ataques, porque de fato não houve rupturas.
Ao final da visita do Presidente ao Acre, ficou claro para as mais diversas lideranças que Marina Silva saiu do PT para defender uma causa também de classe e de humanidade, mas permanece na Frente Brasil Popular e na base de sustentação do governo Lula. Marina permanece com seu vigor de esquerda ideológica formada na luta dos trabalhadores e se mantém em grande medida defendendo os avanços do governo Lula, travando o debate sobre questões estratégicas que precisam avançar.
Conclusão, o campo da esquerda conta, neste momento, com três candidatos para a disputa do primeiro turno das eleições presidenciais. Daí que o ditado popular continua certo. Aquele que diz: “prudência e caldo de galinha não faz mal a ninguém” A conjuntura nacional ganha então novos ares. Ciro Gomes poderá lançar sua candidatura a Presidente da República pelo PSB, a provável candidatura de Dilma pelo PT e Marina Silva ao se filiar no PV.
Ou quem sabe poderemos unificar pautas de campanha em torno de um só candidato que assuma o compromisso de fortalecer os programas também dos demais partidos aliados no campo da esquerda, inclusive fortalecer o nosso Programa Socialista Para o Brasil.
Frank Batista, licenciado em história pela UFAC
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
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