sexta-feira, 28 de agosto de 2009
FOLHAS DE RELVA
(...) Com música poderosa eu venho, com minhas cornetas e tambores,
Não toco marchas para os vitoriosos conhecidos, toco marchas para os conquistados e assassinados.
Ouviste dizer que é bom ganhar o dia?
Digo que também é bom perder! Batalhas são perdidas no mesmo espírito em que são ganhas.
Bato e alardeio pelos mortos, os nossos mortos.
Eu sopro através de minha embocadura, bem alto e alegremente para eles.
Viva àqueles que perderam!
E para aqueles cujas naus de guerra naufragaram no oceano!
E para aqueles que se afogaram no oceano!
E para todos os nossos generais derrotados em suas empresas, e nossos heróis abatidos!
E os incontáveis heróis desconhecidos, são tão grandes quanto os grandes e aclamados heróis.
(seção 18)
WALT WHITMAN
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Poesia
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
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MEIO AMBIENTE
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
A ESQUERDA NO BRASIL PODE TER TRÊS CANDIDATOS A PRESIDENTE
Sem sombra de dúvidas é na política onde percebemos de maneira melhor os movimentos e as leis da dialética. Unidade e identidade dos contrários, luta ou interpenetração dos contrários, tudo se relaciona, tudo se transforma, passagem da quantidade à qualidade (mudança qualitativa), negação da negação, constituição de novas formas incorporando os elementos das velhas formas e o mais importante: o movimento que inicia um processo positivo de mudança pode se tornar o seu contrário.
O caso da saída da Senadora Marina Silva do PT e o abraço de Tamanduá que recebemos do Presidente do Senado José Sarney, sob o argumento da governabilidade é uma experiência rica. Por ora falemos apenas da decisão da Ex-Ministra do Meio ambiente.
Alguns apressados estavam já a julgar a decisão de Marina Silva em sair do PT. Denominaram-na de traidora e até lhe acusaram de estar aliada à oposição referindo-se ao PSDB, como se o PMDB, mesmo agora, fosse fiel defensor dos trabalhadores.
Esta pressa totalmente desnecessária, não observou que a Senadora busca levar para a agenda eleitoral o tema Ambiental, sem, no entanto, construir uma ruptura com o Presidente Lula. Ela buscou um outro espaço não mais existente na sua antiga casa, o Partido dos Trabalhadores.
Não! Não nos apressemos em dizer que há uma ruptura porque os comunistas e também os socialistas do PSB construíram um bloco de esquerda, logo após o abandono de compromissos na eleição para a Câmara dos Deputados, ensaiando a candidatura de Ciro Gomes Presidente da República, sem romper com o governo, mas buscando chamar a atenção de Lula e do PT para o campo de aliança histórico que é o campo da esquerda. Este ato foi tão legítimo quanto o ato de Marina ao se referir ao conteúdo ideológico do tema ambiental e sua necessidade de espaço na agenda governamental.
O governo possui muitas contradições. No campo da economia, no campo das alianças, no trato a aliados históricos, na forma como lida com as divergências internas.
Marina tomou sua decisão. Lula veio ao Acre lançou o Programa de Casas Populares Minha Casa, Minha Vida. O clima foi de bom humor, de boa convivência, não houve e certamente não haverá ataques, porque de fato não houve rupturas.
Ao final da visita do Presidente ao Acre, ficou claro para as mais diversas lideranças que Marina Silva saiu do PT para defender uma causa também de classe e de humanidade, mas permanece na Frente Brasil Popular e na base de sustentação do governo Lula. Marina permanece com seu vigor de esquerda ideológica formada na luta dos trabalhadores e se mantém em grande medida defendendo os avanços do governo Lula, travando o debate sobre questões estratégicas que precisam avançar.
Conclusão, o campo da esquerda conta, neste momento, com três candidatos para a disputa do primeiro turno das eleições presidenciais. Daí que o ditado popular continua certo. Aquele que diz: “prudência e caldo de galinha não faz mal a ninguém” A conjuntura nacional ganha então novos ares. Ciro Gomes poderá lançar sua candidatura a Presidente da República pelo PSB, a provável candidatura de Dilma pelo PT e Marina Silva ao se filiar no PV.
Ou quem sabe poderemos unificar pautas de campanha em torno de um só candidato que assuma o compromisso de fortalecer os programas também dos demais partidos aliados no campo da esquerda, inclusive fortalecer o nosso Programa Socialista Para o Brasil.
Frank Batista, licenciado em história pela UFAC
O caso da saída da Senadora Marina Silva do PT e o abraço de Tamanduá que recebemos do Presidente do Senado José Sarney, sob o argumento da governabilidade é uma experiência rica. Por ora falemos apenas da decisão da Ex-Ministra do Meio ambiente.
Alguns apressados estavam já a julgar a decisão de Marina Silva em sair do PT. Denominaram-na de traidora e até lhe acusaram de estar aliada à oposição referindo-se ao PSDB, como se o PMDB, mesmo agora, fosse fiel defensor dos trabalhadores.
Esta pressa totalmente desnecessária, não observou que a Senadora busca levar para a agenda eleitoral o tema Ambiental, sem, no entanto, construir uma ruptura com o Presidente Lula. Ela buscou um outro espaço não mais existente na sua antiga casa, o Partido dos Trabalhadores.
Não! Não nos apressemos em dizer que há uma ruptura porque os comunistas e também os socialistas do PSB construíram um bloco de esquerda, logo após o abandono de compromissos na eleição para a Câmara dos Deputados, ensaiando a candidatura de Ciro Gomes Presidente da República, sem romper com o governo, mas buscando chamar a atenção de Lula e do PT para o campo de aliança histórico que é o campo da esquerda. Este ato foi tão legítimo quanto o ato de Marina ao se referir ao conteúdo ideológico do tema ambiental e sua necessidade de espaço na agenda governamental.
O governo possui muitas contradições. No campo da economia, no campo das alianças, no trato a aliados históricos, na forma como lida com as divergências internas.
Marina tomou sua decisão. Lula veio ao Acre lançou o Programa de Casas Populares Minha Casa, Minha Vida. O clima foi de bom humor, de boa convivência, não houve e certamente não haverá ataques, porque de fato não houve rupturas.
Ao final da visita do Presidente ao Acre, ficou claro para as mais diversas lideranças que Marina Silva saiu do PT para defender uma causa também de classe e de humanidade, mas permanece na Frente Brasil Popular e na base de sustentação do governo Lula. Marina permanece com seu vigor de esquerda ideológica formada na luta dos trabalhadores e se mantém em grande medida defendendo os avanços do governo Lula, travando o debate sobre questões estratégicas que precisam avançar.
Conclusão, o campo da esquerda conta, neste momento, com três candidatos para a disputa do primeiro turno das eleições presidenciais. Daí que o ditado popular continua certo. Aquele que diz: “prudência e caldo de galinha não faz mal a ninguém” A conjuntura nacional ganha então novos ares. Ciro Gomes poderá lançar sua candidatura a Presidente da República pelo PSB, a provável candidatura de Dilma pelo PT e Marina Silva ao se filiar no PV.
Ou quem sabe poderemos unificar pautas de campanha em torno de um só candidato que assuma o compromisso de fortalecer os programas também dos demais partidos aliados no campo da esquerda, inclusive fortalecer o nosso Programa Socialista Para o Brasil.
Frank Batista, licenciado em história pela UFAC
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sexta-feira, 14 de agosto de 2009
MARINA, UMA FILHA DA CLASSE
“Do rio que tudo arrasta se diz violento, mas nada se diz das margens quem o comprime”. Com esta frase poética de Brecht quero chamar a atenção para a necessidade de nós, socialistas nos comportarmos com respeito, solidariedade e prudência diante do momento que passa a Senadora Marina Silva, o Partido dos Trabalhadores e a conjuntura acirrada que o movimento classista atravessa no Brasil durante o mês de agosto.
A Senadora recebeu um convite como toda liderança política é passiva de receber! Se ela abriu a reflexão, significa também que mesmo tendo agenda aberta para a questão ambiental, o Governo Lula a realiza com muitas contradições que merecem avaliações. Tal questão para Marina é desvinculada da eleição, com tempo de televisão, ou se cresce ou diminui enquanto mandato político. Seus propósitos são sinceros e honestos.
A Senadora Marina surgiu e é protagonista da bela história de vitórias dos movimentos sociais organizados pelos trabalhadores que culminou com a vitória de um operário do ABC paulista à Presidência da República. Mas não falamos aqui apenas de identidade de causa operária em seu ambiente fabril. Marina e Lula possuem a mesma identidade de origem também quando falamos dos nordestinos e a mesma saga de luta pela sobrevivência pessoal e pela construção de um movimento de organização dos trabalhadores, nas três últimas décadas, contra a classe dominante desse País, a burguesia, seja ela industrial, agrária, comercial, agro-exportadora ou financeira-especulativa.
A Senadora Marina, não só pertence à classe operária, ao movimento dos trabalhadores pela origem de nascimento - filha de seringueiros - como também pela opção de lado, de consciência social que circunda toda a sua trajetória política.
Como militante de esquerda assumiu na mais alta radicalidade (aqui entendida no sentido marxista como raiz das coisas, das causas assumidas) a luta ambiental, dando a esse tema a dimensão mental e social que ele precisa ter para se tornar a causa de todos os homens do planeta. Um movimento como este possui a principal essência de quem é socialista que é o humanismo na sua plenitude.
Não podemos confundir nossa visão na luta contra o capital. Se escolhemos parte da burguesia para uma aliança não esqueçamos ser esta de caráter pontual. Não há em nenhum dos partidos membros da aliança de esquerda que deu ao Presidente Lula as duas vitórias eleitorais, consensos sobre a agenda ambiental.
Mas de uma coisa todos sabemos, muitas empresas de grande porte resistem em adequar-se às regulações de Estado porque “tempo é dinheiro!”. Outras não estão preocupadas com o impacto ambiental que causam com grandes obras, nem com recursos naturais, nem com as questões sociais das pequenas cidades que recebem um contingente de pessoas estranhas que a prostitui e depois vai embora.
Há os que pensam que os recursos naturais são infinitos, que jamais vão se acabar.
Há os que pensam que a civilização e desenvolvimento a ser perseguido é o do velho mundo em todo seu esplendor eurocêntrico. Há ainda os que pensam que é ora de acabar com que resta das comunidades indígenas. Enfim! Há para todos os gostos. E por isso não há consenso. No Acre, terra da florestania, da defesa do desenvolvimento sustentável, da utilização da floresta com preservação, não há consenso sobre diversas questões!
Tratar estes assuntos merece mais observação, tolerância e menos arroubo! O Brasil é gigante também nas diferenças e visões regionais. Mas, Marina Silva vem atuando no sentido de dar a este tema um lugar muito além do plano econômico e por tanto muito além dos âmbitos regionais. Marina é patrimônio mundial e a causa nobre abraçada por ela pertence a todos nós.
A sua história é inteira a história do Partido dos Trabalhadores, por isso devemos hipotecar solidariedade neste momento de reflexão, à senadora Marina Silva, ao Lula, ao PT e todos os seus dirigentes e filiados, em especial aos que são do Acre que estão apreensivos com todo o processo divergente que culminou com a entrega do Ministério do Meio Ambiente e com este mais novo fato. Também a cautela e prudência são imprescindíveis nesta hora. Não se deve desprezar os conteúdos pessoais ou julgar antecipadamente, pois assim como Luiz Inácio Lula da Silva, Marina Silva, em sua consciência social, também é filha da classe operária.
A Senadora recebeu um convite como toda liderança política é passiva de receber! Se ela abriu a reflexão, significa também que mesmo tendo agenda aberta para a questão ambiental, o Governo Lula a realiza com muitas contradições que merecem avaliações. Tal questão para Marina é desvinculada da eleição, com tempo de televisão, ou se cresce ou diminui enquanto mandato político. Seus propósitos são sinceros e honestos.
A Senadora Marina surgiu e é protagonista da bela história de vitórias dos movimentos sociais organizados pelos trabalhadores que culminou com a vitória de um operário do ABC paulista à Presidência da República. Mas não falamos aqui apenas de identidade de causa operária em seu ambiente fabril. Marina e Lula possuem a mesma identidade de origem também quando falamos dos nordestinos e a mesma saga de luta pela sobrevivência pessoal e pela construção de um movimento de organização dos trabalhadores, nas três últimas décadas, contra a classe dominante desse País, a burguesia, seja ela industrial, agrária, comercial, agro-exportadora ou financeira-especulativa.
A Senadora Marina, não só pertence à classe operária, ao movimento dos trabalhadores pela origem de nascimento - filha de seringueiros - como também pela opção de lado, de consciência social que circunda toda a sua trajetória política.
Como militante de esquerda assumiu na mais alta radicalidade (aqui entendida no sentido marxista como raiz das coisas, das causas assumidas) a luta ambiental, dando a esse tema a dimensão mental e social que ele precisa ter para se tornar a causa de todos os homens do planeta. Um movimento como este possui a principal essência de quem é socialista que é o humanismo na sua plenitude.
Não podemos confundir nossa visão na luta contra o capital. Se escolhemos parte da burguesia para uma aliança não esqueçamos ser esta de caráter pontual. Não há em nenhum dos partidos membros da aliança de esquerda que deu ao Presidente Lula as duas vitórias eleitorais, consensos sobre a agenda ambiental.
Mas de uma coisa todos sabemos, muitas empresas de grande porte resistem em adequar-se às regulações de Estado porque “tempo é dinheiro!”. Outras não estão preocupadas com o impacto ambiental que causam com grandes obras, nem com recursos naturais, nem com as questões sociais das pequenas cidades que recebem um contingente de pessoas estranhas que a prostitui e depois vai embora.
Há os que pensam que os recursos naturais são infinitos, que jamais vão se acabar.
Há os que pensam que a civilização e desenvolvimento a ser perseguido é o do velho mundo em todo seu esplendor eurocêntrico. Há ainda os que pensam que é ora de acabar com que resta das comunidades indígenas. Enfim! Há para todos os gostos. E por isso não há consenso. No Acre, terra da florestania, da defesa do desenvolvimento sustentável, da utilização da floresta com preservação, não há consenso sobre diversas questões!
Tratar estes assuntos merece mais observação, tolerância e menos arroubo! O Brasil é gigante também nas diferenças e visões regionais. Mas, Marina Silva vem atuando no sentido de dar a este tema um lugar muito além do plano econômico e por tanto muito além dos âmbitos regionais. Marina é patrimônio mundial e a causa nobre abraçada por ela pertence a todos nós.
A sua história é inteira a história do Partido dos Trabalhadores, por isso devemos hipotecar solidariedade neste momento de reflexão, à senadora Marina Silva, ao Lula, ao PT e todos os seus dirigentes e filiados, em especial aos que são do Acre que estão apreensivos com todo o processo divergente que culminou com a entrega do Ministério do Meio Ambiente e com este mais novo fato. Também a cautela e prudência são imprescindíveis nesta hora. Não se deve desprezar os conteúdos pessoais ou julgar antecipadamente, pois assim como Luiz Inácio Lula da Silva, Marina Silva, em sua consciência social, também é filha da classe operária.
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terça-feira, 4 de agosto de 2009
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• Caderno José Aramago
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domingo, 2 de agosto de 2009
NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Ipê Roxo florado
ECOLOGIA MENTAL E SOCIAL
Lenardo Boff, teólogo e filósofo nos traduz a essência de como deveríamos cuidar da terra com todo o humanismo que ela merece. Então define formas de ecologia para os homens praticarem buscando atingir o bem-estar geral e um desenvolvimento progressivo observando a finitude dos recursos naturais e do próprio desenvolvimento rumo ao futuro. Descrevemos aqui dois desses conceitos por ele formulados.
Coincidentemente a Senadora Marina Silva do Acre, reconhecida pela gloriosa luta em defesa do Meio Ambiente numa entrevista ao Jornal A Gazeta, de Rio Branco no Acre, aponta como num governo progressista que é executado pelo Presidente Lula no Brasil, há combates contra as contradições do pensamento pelo Lucro, Pelo desenvolvimento baseado na visão da infinitude dos recursos e da vida no planeta terra.
transcrevo aqui, trechos do conceito em Leonardo Boff que dialogam perfeitamente com trechos da entrevista da Senadora Marina Silva, publicado logo abaixo. Ambos possuem a mesma linguagem e entendimento sobre os problemas concretos da influência do Meio Ambiente para o Brasil e a humanidade.
Leonardo Boff
Ecologia mental - A terceira, a ecologia mental, chamada também de ecologia profunda, sustenta que as causas do déficit da Terra não se encontram apenas no tipo de sociedade que atualmente temos.
ECOLOGIA MENTAL E SOCIAL
Lenardo Boff, teólogo e filósofo nos traduz a essência de como deveríamos cuidar da terra com todo o humanismo que ela merece. Então define formas de ecologia para os homens praticarem buscando atingir o bem-estar geral e um desenvolvimento progressivo observando a finitude dos recursos naturais e do próprio desenvolvimento rumo ao futuro. Descrevemos aqui dois desses conceitos por ele formulados.
Coincidentemente a Senadora Marina Silva do Acre, reconhecida pela gloriosa luta em defesa do Meio Ambiente numa entrevista ao Jornal A Gazeta, de Rio Branco no Acre, aponta como num governo progressista que é executado pelo Presidente Lula no Brasil, há combates contra as contradições do pensamento pelo Lucro, Pelo desenvolvimento baseado na visão da infinitude dos recursos e da vida no planeta terra.
transcrevo aqui, trechos do conceito em Leonardo Boff que dialogam perfeitamente com trechos da entrevista da Senadora Marina Silva, publicado logo abaixo. Ambos possuem a mesma linguagem e entendimento sobre os problemas concretos da influência do Meio Ambiente para o Brasil e a humanidade.
Leonardo Boff
Ecologia mental - A terceira, a ecologia mental, chamada também de ecologia profunda, sustenta que as causas do déficit da Terra não se encontram apenas no tipo de sociedade que atualmente temos.
Mas também no tipo de mentalidade que vigora, cujas raízes alcançam épocas anteriores à nossa história moderna, incluindo a profundidade da vida psíquica humana consciente e inconsciente, pessoal e arquetípica.
Há em nós instintos de violência, vontade de dominação, arquétipos sombrios que nos afastam da benevolência em relação à vida e à natureza. Aí dentro da mente humana se iniciam os mecanismos que nos levam a uma guerra contra a Terra.
Eles se expressam por uma categoria: a nossa cultura antropocêntrica. O antropocentrismo considera o ser humano rei/rainha do universo. Pensa que os demais seres só têm sentido quando ordenados ao ser humano; eles estão aí disponíveis ao seu bel-prazer.
Esta estrutura quebra com a lei mais universal do universo: a solidariedade cósmica. Todos os seres são interdependentes e vivem dentro de uma teia intrincadíssima de relações. Todos são importantes.Não há isso de alguém ser rei/rainha e considerar-se independente sem precisar dos demais.
A moderna cosmologia nos ensina que tudo tem a ver com tudo em todos os momentos e em todas as circunstâncias. O ser humano esquece esta realidade. Afasta-se e se coloca sobre as coisas em vez de sentir-se junto e com elas, numa imensa comunidade planetária e cósmica. Importa recuperarmos atitudes de respeito e veneração para com a Terra. Isso somente se consegue se antes for resgatada a dimensão do feminino no homem e na mulher.
Pelo feminino o ser humano se abre ao cuidado, se sensibiliza pela profundidade misteriosa da vida e recupera sua capacidade de maravilhamento. O feminino ajuda a resgatar a dimensão do sagrado. O sagrado impõe sempre limites à manipulação do mundo, pois ele dá origem à veneração e ao respeito, fundamentais para a salvaguarda da Terra.
Cria a capacidade de re-ligar todas as coisas à sua fonte criadora que é o Criador e o Ordenador do universo. Desta capacidade re-ligadora nascem todas as religiões. Precisamos hoje revitalizar as religiões para que cumpram sua função religadora.
Ecologia social - A segunda _a ecologia social_ não quer apenas o meio ambiente. Quer o ambiente inteiro. Insere o ser humano e a sociedade dentro da natureza. Preocupa-se não apenas com o embelezamento da cidade, com melhores avenidas, com praças ou praias mais atrativas. Mas prioriza o saneamento básico, uma boa rede escolar e um serviço de saúde decente. A injustiça social significa uma violência contra o ser mais complexo e singular da criação que é o ser humano, homem e mulher. Ele é parte e parcela da natureza.
A ecologia social propugna por um desenvolvimento sustentável. É aquele em que se atende às carências básicas dos seres humanos hoje sem sacrificar o capital natural da Terra e se considera também as necessidades das gerações futuras que têm direito à sua satisfação e de herdarem uma Terra habitável com relações humanas minimamente justas.Mas o tipo de sociedade construída nos últimos 400 anos impede que se realize um desenvolvimento sustentável.
É energívora, montou um modelo de desenvolvimento que pratica sistematicamente a pilhagem dos recursos da Terra e explora a força de trabalho.No imaginário dos pais fundadores da sociedade moderna, o desenvolvimento se movia dentro de dois infinitos: o infinito dos recursos naturais e o infinito do desenvolvimento rumo ao futuro.
Esta pressuposição se revelou ilusória. Os recursos não são infinitos. A maioria está se acabando, principalmente a água potável e os combustíveis fósseis. E o tipo de desenvolvimento linear e crescente para o futuro não é universalizável. Não é, portanto, infinito. Se as famílias chinesas quisessem ter os automóveis que as famílias americanas têm, a China viraria um imenso estacionamento. Não haveria combustível suficiente e ninguém se moveria.
Carecemos de uma sociedade sustentável que encontra para si o desenvolvimento viável para as necessidades de todos. O bem-estar não pode ser apenas social, mas tem de ser também sociocósmico. Ele tem que atender aos demais seres da natureza, como as águas, as plantas, os animais, os microorganismo, pois todos juntos constituem a comunidade planetária, na qual estamos inseridos, e sem os quais nós mesmos não viveríamos.
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MEIO AMBIENTE E FILOSOFIA
sábado, 1 de agosto de 2009
SENADORA MARINA SILVA
Senadora Marina Silva (trechos de entrevista no jornal a Gazeta)
por NELSON LIANO JR.
A senadora Marina Silva (PT-AC) chegou aos 51 anos de idade com uma disposição invejável. Apesar das cinco malárias e das três hepatites ela está com uma saúde de ferro. O carisma de quem está acostumada a grandes batalhas continua o mesmo dos seus tempos de movimento social.
A experiência de ser ministra do Meio-Ambiente lhe conferiu um poder maior de argumentações em relação à Amazônia e a sua regularização fundiária.
Não esconde a vontade de transformar o modelo econômico do Brasil e faz críticas abertas as limitações do governo do presidente Lula de implementar as mudanças necessárias.
A sua fidelidade às questões am-bientais planetárias estão intactas. “Não vou mudar o meu comportamento por conta de eleições ou cargos políticos. Prefiro ser fiel aquilo que acredito”, diz Marina.
A senadora falou sobre a coincidência da saída do ex-ministro Mangabeira Unger do governo logo depois da aprovação da Medida Provisória de Regulamentação Fundiária na Amazônia. Os dois tiveram muitas divergências.
“Ele já havia conseguido aprovar no Congresso a MP que transfere 67 milhões de hectares de terras públicas para particulares. Um patrimônio equivalente a R$ 70 bilhões.
No meu entendimento, o Mangabeira tem uma visão equivocada sobre a Amazônia.
Ele acha que quem veio para cá, indiferente dos expedientes utilizados para se apropriar das terras públicas, estava fazendo um grande favor. Eu não vejo dessa forma. A Amazônia é um lugar maravilhoso para se viver e quem veio para cá é que está recebendo um favor de morar nessa terra tão generosa.
Quem vem deve se submeter as regras do Estado de direito. As posses pacíficas não estão sendo questionadas. O que questiono é a grilagem que vem sendo feita há muitos anos na Amazônia através ocupação violenta. A CPT tem dados que revelam mais de 250 assassinatos e 260 tentativas de mortes e nós temos hoje 1700 pessoas ameaçadas. A regularização fundiária repassa terras públicas que são patrimônio de todos os brasileiros para alguns poucos aumentarem o seu patrimônio individual e o Unger favoreceu esse tipo de concepção dentro do governo e colaborou para a sua aprovação no Congresso Nacional.
A luta continua para reversão da situação. Marina Silva mandou cartas ao presidente Lula pedindo que alguns pontos da MP fossem vetados. Apesar do seu empenho conseguiu que apenas um item fosse modificado. “É o meu dever de parlamentar continuar a questionar essa situação.
Em qualquer país do mundo a doação de um patrimônio territorial equivalente a França e a Itália juntas deveria ser feita com mais cuidados. Temos que aprender a ter zelo pela nossa riqueza.
O Brasil tem 350 milhões de área agricultável e mais de 50 milhões estão em repouso. Por isso, não há necessidade de expansão da fronteira agrícola para que nós sejamos uma potencia em termos de produção.
Nós temos que aprender a manejar a tecnologia para nos tornar grandes produtores de grãos e carne sem destruir mais a Amazônia, a caatinga, o serrado e a mata atlântica.
Infelizmente há uma visão atrasada de se querer ser o maior produtor de grãos e de carne do planeta utilizando a mesma tecnologia que os índios usavam para fazer roças de subsistência. Para uma comunidade pequena é possível, mas para ser o maior produtor não dá. Se avança sobre a floresta para se garimpar nutrientes. Se utiliza aquela terra oito, nove, dez anos e vai baixando a sua produtividade. Ao invés de se recuperar a terra se derruba mais florestas.
No Brasil, segundo o Ministério da Agricultura, são quase 800 milhões de hectares de áreas degredadas que podem ser recuperadas. Na Amazônia são 160 mil km de áreas abandonas que podem ser recuperadas. Se utilizarmos as novas tecnologias nós podemos dobrar a nossa produção sem derrubar nenhuma árvore. O desafio é mudar o modelo de desenvolvimento, ter novos paradigmas para o crescimento social e econômico do Brasil”, explicou.
Lula não avançou: Será que os sete anos da gestão do presidente Lula dão sinais de mudanças dos paradigmas de desenvolvimento? “Existe uma dificuldade muito grande de setores do governo para dar início a esse processo. Durante a minha gestão no Ministério procuramos estabelecer uma dinâmica para avançar. Agora, a atividade produtiva que ficava a cargo do Ministério da Agricultura praticamente não andou nada. Esses setores continuam defendendo o velho modelo de desenvolvimento e tentando flexibilizar a legislação ambiental.
Hoje o maior problema do governo é desqualificar a legislação am-biental e não aperfeiçoá-la para a sua adequada implementação. Há uma dificuldade dentro do governo Lula de ter essa percepção que o grande desafio para o Brasil é mudar o modelo de desenvolvimento.
Ficam dizendo que não vai ter energia elétrica, que não vai ter agricultura e exploração de madeira, por causa da questão ambiental. Não é isso.
Para se fazer um processo de transição do modelo predatório para o sustentável é preciso que haja políticas de governo capazes de incorporar esse viés. Ações do Ministério de Transportes, de Minas e Energia, de Agricultura, de Saúde e de Educação.
É assim que se vai criando um processo virtuoso que leve em conta as novas posturas e práticas. Quando você veta o crédito aos ilegais estará dizendo que está ajudando quem é legal. E como é que se faz para ser legal? É fazendo reservas legais, recuperando as áreas degradadas e os cadastros de propriedade. Se as pessoas vêem que a lei está ali e não vai mudar terão que se enquadrar.
O caminho vai sendo trilhado nessa direção. Senão o tempo todo fica o efeito sanfona, faz a lei e muda lei, as pessoas ficam sem um comando e sem credibilidade para o que está sendo dito.
Então durante cinco anos que participei do governo nós tínhamos uma única palavra que era combater as práticas ilegais e apoiar as inicia-tivas produtivas sustentáveis. Mas infelizmente não dependia só do meu Ministério e sim dos setores que lidam com a agenda de desenvolvimento.
As pessoas di-ziam que os licenciamentos demoravam e isso não é verdade. Quando entrei no governo havia uma média anual de 200 licenças e quando saí eram mais de 300. Nenhuma sendo ques-tionada na Justiça. Na verdade as pessoas reclamavam das exigências que precisavam ser cumpridas para poder conseguirem a licença.
por NELSON LIANO JR.
A senadora Marina Silva (PT-AC) chegou aos 51 anos de idade com uma disposição invejável. Apesar das cinco malárias e das três hepatites ela está com uma saúde de ferro. O carisma de quem está acostumada a grandes batalhas continua o mesmo dos seus tempos de movimento social.
A experiência de ser ministra do Meio-Ambiente lhe conferiu um poder maior de argumentações em relação à Amazônia e a sua regularização fundiária.
Não esconde a vontade de transformar o modelo econômico do Brasil e faz críticas abertas as limitações do governo do presidente Lula de implementar as mudanças necessárias.
A sua fidelidade às questões am-bientais planetárias estão intactas. “Não vou mudar o meu comportamento por conta de eleições ou cargos políticos. Prefiro ser fiel aquilo que acredito”, diz Marina.
A senadora falou sobre a coincidência da saída do ex-ministro Mangabeira Unger do governo logo depois da aprovação da Medida Provisória de Regulamentação Fundiária na Amazônia. Os dois tiveram muitas divergências.
“Ele já havia conseguido aprovar no Congresso a MP que transfere 67 milhões de hectares de terras públicas para particulares. Um patrimônio equivalente a R$ 70 bilhões.
No meu entendimento, o Mangabeira tem uma visão equivocada sobre a Amazônia.
Ele acha que quem veio para cá, indiferente dos expedientes utilizados para se apropriar das terras públicas, estava fazendo um grande favor. Eu não vejo dessa forma. A Amazônia é um lugar maravilhoso para se viver e quem veio para cá é que está recebendo um favor de morar nessa terra tão generosa.
Quem vem deve se submeter as regras do Estado de direito. As posses pacíficas não estão sendo questionadas. O que questiono é a grilagem que vem sendo feita há muitos anos na Amazônia através ocupação violenta. A CPT tem dados que revelam mais de 250 assassinatos e 260 tentativas de mortes e nós temos hoje 1700 pessoas ameaçadas. A regularização fundiária repassa terras públicas que são patrimônio de todos os brasileiros para alguns poucos aumentarem o seu patrimônio individual e o Unger favoreceu esse tipo de concepção dentro do governo e colaborou para a sua aprovação no Congresso Nacional.
A luta continua para reversão da situação. Marina Silva mandou cartas ao presidente Lula pedindo que alguns pontos da MP fossem vetados. Apesar do seu empenho conseguiu que apenas um item fosse modificado. “É o meu dever de parlamentar continuar a questionar essa situação.
Em qualquer país do mundo a doação de um patrimônio territorial equivalente a França e a Itália juntas deveria ser feita com mais cuidados. Temos que aprender a ter zelo pela nossa riqueza.
O Brasil tem 350 milhões de área agricultável e mais de 50 milhões estão em repouso. Por isso, não há necessidade de expansão da fronteira agrícola para que nós sejamos uma potencia em termos de produção.
Nós temos que aprender a manejar a tecnologia para nos tornar grandes produtores de grãos e carne sem destruir mais a Amazônia, a caatinga, o serrado e a mata atlântica.
Infelizmente há uma visão atrasada de se querer ser o maior produtor de grãos e de carne do planeta utilizando a mesma tecnologia que os índios usavam para fazer roças de subsistência. Para uma comunidade pequena é possível, mas para ser o maior produtor não dá. Se avança sobre a floresta para se garimpar nutrientes. Se utiliza aquela terra oito, nove, dez anos e vai baixando a sua produtividade. Ao invés de se recuperar a terra se derruba mais florestas.
No Brasil, segundo o Ministério da Agricultura, são quase 800 milhões de hectares de áreas degredadas que podem ser recuperadas. Na Amazônia são 160 mil km de áreas abandonas que podem ser recuperadas. Se utilizarmos as novas tecnologias nós podemos dobrar a nossa produção sem derrubar nenhuma árvore. O desafio é mudar o modelo de desenvolvimento, ter novos paradigmas para o crescimento social e econômico do Brasil”, explicou.
Lula não avançou: Será que os sete anos da gestão do presidente Lula dão sinais de mudanças dos paradigmas de desenvolvimento? “Existe uma dificuldade muito grande de setores do governo para dar início a esse processo. Durante a minha gestão no Ministério procuramos estabelecer uma dinâmica para avançar. Agora, a atividade produtiva que ficava a cargo do Ministério da Agricultura praticamente não andou nada. Esses setores continuam defendendo o velho modelo de desenvolvimento e tentando flexibilizar a legislação ambiental.
Hoje o maior problema do governo é desqualificar a legislação am-biental e não aperfeiçoá-la para a sua adequada implementação. Há uma dificuldade dentro do governo Lula de ter essa percepção que o grande desafio para o Brasil é mudar o modelo de desenvolvimento.
Ficam dizendo que não vai ter energia elétrica, que não vai ter agricultura e exploração de madeira, por causa da questão ambiental. Não é isso.
Para se fazer um processo de transição do modelo predatório para o sustentável é preciso que haja políticas de governo capazes de incorporar esse viés. Ações do Ministério de Transportes, de Minas e Energia, de Agricultura, de Saúde e de Educação.
É assim que se vai criando um processo virtuoso que leve em conta as novas posturas e práticas. Quando você veta o crédito aos ilegais estará dizendo que está ajudando quem é legal. E como é que se faz para ser legal? É fazendo reservas legais, recuperando as áreas degradadas e os cadastros de propriedade. Se as pessoas vêem que a lei está ali e não vai mudar terão que se enquadrar.
O caminho vai sendo trilhado nessa direção. Senão o tempo todo fica o efeito sanfona, faz a lei e muda lei, as pessoas ficam sem um comando e sem credibilidade para o que está sendo dito.
Então durante cinco anos que participei do governo nós tínhamos uma única palavra que era combater as práticas ilegais e apoiar as inicia-tivas produtivas sustentáveis. Mas infelizmente não dependia só do meu Ministério e sim dos setores que lidam com a agenda de desenvolvimento.
As pessoas di-ziam que os licenciamentos demoravam e isso não é verdade. Quando entrei no governo havia uma média anual de 200 licenças e quando saí eram mais de 300. Nenhuma sendo ques-tionada na Justiça. Na verdade as pessoas reclamavam das exigências que precisavam ser cumpridas para poder conseguirem a licença.
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MEIO AMBIENTE E FILOSOFIA
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