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segunda-feira, 21 de maio de 2012

“O PPS trabalha canditura própria", diz Aírton Rocha






Antonio Stélio
Eleições 2012

Ele é um dos acadêmicos mais respeitados do Acre: professor e doutor em História, com larga experiência política, principalmente no âmbito municipal, razão pela qual é um dos postulantes à prefeitura de Rio Branco, pelo PPS. Seu nome é Aírton Rocha, ex-vereador, ex-secretário e ex-vice-prefeito de Rio Branco. Em 2006, foi candidato ao senado, obtendo mais de 82 mil votos, dos quais quase 60 mil em Rio Branco. Aírton Rocha abre hoje a série de entrevistas que A TRIBUNA inicia com os pré-candidatos a prefeitos da capital acreana e diz que é o único candidato a se comprometer com a questão do Meio Ambiente. Ele também se revela comprometido com o setor da Educação. Confira a seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva concedida a este matutino.

Por que ser prefeito – Por que me considero um educador – sem querer desqualificar os demais. E, claro, pela experiência de quem viu esta cidade crescer; o surgimento de bairros; e também por conhecer as instituições fundamentais do município que são a própria prefeitura, onde fui vice-prefeito e secretário, e a Câmara de Vereadores onde atuei como o terceito vereador mais bem votado. Acho que tudo isso me credencia para esta disputa eleitoral.

Trajetória – Minha militância teve início em 1972 nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), ainda sob o comando de Dom Moacyr Grecchi. Esse trabalho era feito diretamente nos bairros, principalmente os que surgiam sem nenhuma estrutura. Nós lutávamos por postos de saúde, por ruas, por esgoto, por água, papel hoje que são das associações de bairros, fundadas depois disso. Participamos do processo que fundou a Casa do Estudante Acreano, da luta pela meia-passagem, organizamos o Centro Acadêmico de História (Ufac). Fui presidente do DCE, participando do processo de reconstrução da UNE e entramos na luta de apoio aos seringueiros e posseiros. Em 1982, fui eleito vereador e em seguida fui vice-prefeito de Rio Branco. Depois, resolvi me dedicar a minha qualificação acadêmica: fiz mestrado e doutorado. Em seguida, retornoei à política partidária, apesar das decepções, e estou participando, tentando dar a minha colaboração à sociedade.

A política – Não há como vê parte da política, hoje, sob a ótica do povo, se não for com alguma decepção. A gente pode se dediludir mais do que criar as esperanças. No entanto, existe a consciência de que é participando dela que a gente consegue mudar esse quadro, porque a mudança institucional, feita pelas massas, se dá através de um instrumento: os partidos políticos.

A pré-candidatura – Ela nasceu no momento em que o nosso partido estava órfão, com a saída de lideranças como Márcio Bittar e outros. Sou filiado ao partido e me senti na obrigação de manter viva esta identidade socialista, o resgate do partido e da esperança. As pessoas também sentiram esta necessidade, daí o surgimento da pré-candidatura e a lembrança do meu nome. O PPS, como todo o partido, tem essa necessidade de ter visibilidade pública, de mostrar a sua cara e suas propostas. Somos parte da esquerda democrática com resoluções que representam o pensamento popular como na questão do meio ambiente, por exemplo, onde somos a única pré-candidatura a assinar, nacionamente, um compromisso com a questão. Precisamos reformar o aparelho do estado para conquistar uma nova sociedade, onde o Estado passa a ser o garantidor de política públicas e sociais para a maioria da população.

Propostas - Definimos pontos importantes de luta, como a questão da habitação em Rio Branco onde 40% são construções em terrenos não regularizados. Vamos combater os loteamentos cladestinos: é algo intolerável e lesa a população. O trânsito de Rio Branco é problemático e parece que não aprendemos nada com a situação das grandes cidades. Por isso, havemos de trabalhar esta questão com muito carinho, fazendo intervenções pontuais, principalmente no que tange aos transportes coletivos. Como educador, me preocupo com a questão da Educação e vamos lutar para aplicar 30% dos recursos na administração municipal voltados para o setor. O acesso e a permanência dos alunos nas escolas para combater a evasão também se faz necessário.

Meio ambiente – Em relação às nossas propostas, vale ressaltar a preocupação do PPS com o meio ambiente, pois defendemos a Cidade Sustentável, compromisso nacional de todos os pré-candidatos do partido, que assinamos, para fazer da cidade em que moramos um bom lugar para se viver. Junte a isso o nosso combate à desigualdade social através do fomento econômico. Ora, temos, em média, 30 mil famílias que dependem de programas como o Bolsa Família, só no âmbito municipal. Isso demonstra a dimensão do problema social da nossa cidade.

Rio Branco – Acho que o principal problema de Rio Branco hoje é o desemprego, a falta de renda. Isso atinge a maioria da população. É grave. A maioria da população tem esta dificuldade e para resolver isso temos que ter vontade política, parceria com outras esferas públicas e outros setores da sociedade, inclusive, o empresariado. A questão da falta de esgoto sanitário em Rio Branco é uma coisa terrível, degradante. Há pessoas que moram praticamente dentro de um esgoto a céu aberto.

Abastecimento – A questão do abastecimento de água potável em Rio Branco é algo muito sério, pois nós dependemos basicamente do rio Acre. Há meses, como em agosto e setembro, o sistema pode entrar em colapso. Ano passado quase houve isso, pois se ficasse mais 15 dias sem chover teria acontecido isso. Não por outra coisa, acho que essa questão deve ser alvo de uma discussão direta com a população e de estudos mais incisivos. Quem leva a política a sério e tem compromisso com a população, deve encampar esta questão.

A oposição – O PPS trabalha sua canditura própria, mas dissemos em vários fóruns que o partido trabalha igualmente por uma união das oposições no Acre de uma forma geral, e, em Rio Branco, em particular. Por isso, já propomos, de forma clara, que todos se unissem em torno de um candidato que tenha mais chances de ganhar a eleição. É o caso da candidatura do PSDB, de Tião Bocalom, que se apresenta com o maior nivel de preferência nas pesquisas. Isso pode viabilizar uma vitória da oposição já no primeiro turno. O governo sabe que seu candidato não ganha no primeiro turno. Tentará ganhar, usando de todos os meios, no segundo turno. E, para a oposição, seria bom evitar esta possibilidade.

Segundo turno – Se a oposição não conseguir se unir no primeiro turno, é de bom alvitre tomarmos alguns cuidados, principalmente, evitando agressões entre si para facilitar uma união, que pode ser tardia, no segundo turno. Não devemos nos agredir. Mas acho que a união no primeiro turno ainda é possível, desde que não tenhamos projetos pessoais e que o PSDB saiba conduzir isso com maturidade. Há uma falta de coesão por puro entendimento político diferenciado, mas no PPS a compreensão é outra. Nós podemos até retirar a nossa pré-candidatura em vista desta possibilidade de união já no primeiro turno. Se isso não for possível, não teremos nenhum problema em lavar a candidatura paralelamente às demais de oposição.

Angelim – Acho que existem avanços na gestão do professor Angelim. No entanto, existem problemas. E um deles é a falta de autonomia do prefeito que deve prestar contas ao povo e não ao governador. Isso é grave. Em que pese todo o respeito que tenho pelo prefeito, ele não tem autonomia. Isso, para mim, é um atentado à democracia. Lamentavelmente, o candidato apresentado pela Frente Popular tem o mesmo perfil, também não terá autonomia. A situação somente indica nomes que podem ser controlados, manietados, e isso, definitivamente, não é bom para a democracia. Rio Branco precisa de um prefeito autônomo, que somente deva satisfações à população.

Influência – Com certeza, como em toda eleição, a influência do eleitor será um fato, pelo menos tentado. A influência da máquina, a compra de voto, sempre combatidas pelas instituições responsáveis, não vai sumir de uma hora para outra. Isso ainda será tentado nesta eleição, com o intuito de beneficar o candidato da situação. No entanto, o que podemos perceber é um sentimento muito forte de mudança na população. Acho, inclusive, que este sentimento é tão forte que não será esse tipo de artimanha que vai fazer com que a população deixe de votar na oposição. Isso é muito forte, quase inabalável. O que a população quer é que nós apresentemos candidatos capazes de, sem demagogia, encaminhar as soluções de seus problemas.

Reflexão – O eleitor de Rio Branco deve aproveitar este momento eleitoral para fazer uma profunda reflexão sobre qual é o candidato que tem mais compromisso com a população; qual o que tem mais seriedade; quem não vai decepcionar. Ocorre que, às vezes, os partidos têm bom quadros, bons candidatos, mas indicam aqueles que vão decepcionar. O eleitor precisa dar um voto mais qualitativo, pois um bom prefeito é aqule que tem visão, planejamento, sabe estabelecer prioridades e sabe atacá-las.

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